Procuradores federais querem que o
ex-conselheiro (trustee) do Fundo de Pensão de Detroit, Paul Stewart,
pague mais de US$ 16,8 milhões em restituição às vítimas de seus crimes,
incluindo pensionistas, beneficiários e funcionários que contribuíram para o
sistema de aposentadoria da cidade.
Stewart, 57 anos, ex-policial e
vice-presidente da Associação de Ex-Policiais de Detroit, foi condenado a quase
cinco anos de prisão no ano passado por ter participado de um escândalo
envolvendo o pagamento de propinas e comissões que prejudicou os fundosDetroit’s
Police and Fire Retirement System and General Retirement System.
Em 2014, Stewart foi condenado por
corrupção juntamente com o ex-tesoureiro da cidade, Jeffrey Beasley e o
ex-advogado do fundo de pensão, Ronald Zajac, já falecido.
Tanto Stewart quanto Beasley foram
acusados de receber dinheiro e ganhar viagens, entre outras “presentes”, em
troca da aprovação de mais de US$ 200 milhões em investimentos suspeitos. Os
dois fundos de pensão de Detroit perderam mais de US$ 95 milhões com as transações,
prejudicando o sistema de aposentadoria que já havia sido objeto de disputa no
emblemático processo de falência do município.
Em 5 de fevereiro, a juíza Nancy
Edmunds ordenou que Beasley pagasse US$ 400 mil em restituição ao sistema previdenciário
como parte de um acordo que ele havia selado com o governo. O ex-conselheiro
cumpre pena de 11 anos de reclusão.
Num memorando protocolado ao processo
de Stewart em 11 de janeiro, os promotores afirmam que o trustee gerou
US$ 14,25 milhões em perdas associadas a um negócio envolvendo terras no estado
do Texas e US$ 1,18 milhão em prejuízos decorrentes de uma transação de
“leaseback” com o fundo ICG. Também consta no documento que Stewart causou
danos ao votar a favor de um aumento salarial de 33% para Zajac.
No memorando, o Procurador-Assistente
dos EUA, David Gardey, afirma que a restituição não tem como base os ganhos de
Stewart, a exemplo do que os procuradores federais de Detroit fizeram ao
buscarem compensação do ex-prefeito da cidade, Kwame Kilpatrick, também
condenado por corrupção.
Os juízes da 6ª Jurisdição
questionaram o pagamento de US$ 4,5 milhões cobrado de Kilpatrick - a ser
direcionado ao Departamento de Água e Esgoto de Detroit - sob a alegação de que
o valor havia sido mal calculado.
Ao invés disso, Gardey diz que a
Procuradoria busca apenas uma valor de restituição proporcional às perdas que
podem ser “direta e aproximadamente associadas à conduta criminal de Stewart”.
O advogado de
defesa de Stewart, Elliot Hall, disse que seu cliente não pode ser
responsabilizado pelas perdas no negócio envolvendo a compra de terras e que
ele votou contrariamente ao leaseback. Quanto a Zajac, Hall afirma
que recai sobre o governo o ônus de provar quaisquer perdas.
Stewart foi trustee do
fundo de policiais e bombeiros de 2005 a 2011. Durante esse período,
empresários interessados em atrair investimentos do fundo pagaram ao
conselheiro US$ 63.750 em subornos e propinas, incluindo uma cesta de natal com
dinheiro escondido, fichas de cassinos no valor de 5 mil dólares e viagens para
a Flórida, passeios de limusine, bebidas, refeições e entretenimento, afirmam
os promotores.
Em troca, os
corruptores receberam US$ 5,2 milhões em recursos para investimentos
malsucedidos aprovados por Stewart que custaram a policiais, bombeiros e
beneficiários mais de US$ 47 milhões, diz a promotoria.
Stewart foi
considerado culpado por receber subornos e propinas num julgamento ocorrido em
2014. Durante o procedimento, ele admitiu ter aceito dinheiro, viagens e outras
regalias, mas alegou que os presentes foram dados por amigos e que em nada
influenciaram suas decisões de investimento.
Zajac morreu em
julho enquanto aguardava a sentença. O governo federal foi condenado a pagar
US$ 150.000 aos seus herdeiros.
Um empresário da
Flórida, Chauncey Mayfield, acusado de roubar US$ 3 milhões do fundo de pensão
de Detroit, conseguiu evitar a prisão por sua participação no escândalo de
corrupção.
Mayfield foi
condenado a três anos em liberdade condicional e 150 horas de serviço
comunitário. Desde que foi acusado, em 2012, ele tem ajudado a recuperar o
dinheiro roubado do Detroit Police and Fire Pension Fund.
The Detroit News