Em consequência do acordo político para reformar o sistema previdenciário,
a S&P voltou a baixar a qualificação de crédito de El Salvador,
atribuindo-lhe a categoria de “default seletivo”. A atribuição da mesma
classificação já havia ocorrido no início do ano, quando o governo atrasou o
pagamento devido aos fundos de pensão no mês de abril.
Mas desta vez a situação é outra. Novos pagamentos deveriam ocorrer em
outubro e o país corria o risco de não poder honrá-los, o que resultaria em
nova redução de sua classificação de crédito. Com uma nota mais baixa, os
potenciais financiadores e compradores da dívida passariam a vê-lo como um
investimento de alto risco, demandando, assim, altas taxas de juros, fazendo o
dinheiro ficar mais “caro” na economia.
A fim de evitar a situação, na semana passada, a Assembleia Legislativa aprovou
a reforma previdenciária. O Parlamento também já havia aprovado a restruturação
da dívida do governo com os fundos de pensão. Contudo, para a S&P, essa é uma
“solução oportunista” e o país se encontra em “default seletivo”.
A agência de classificação de risco voltará a revisar a nota do país tão
logo haja novas condições para a emissão de títulos.
Para Rommel Rodríguez,
analista da Fundação Nacional para o Desenvolvimento (FUNDE), as reformas são
insuficientes. “O melhor seria chegar a um ajuste fiscal de longo prazo que leve
em conta a sustentabilidade da reforma previdenciária, já que o sistema precisará
receber várias transferências de recursos do Tesouro.”
Embora acrescente que a
reforma é um passo importante, Rodríguez diz tratar-se de “um passo no ar”
enquanto as finanças públicas não estiverem de fato mais sólidas, dado que
caberá ao Estado financiar alguns dos benefícios do sistema previdenciário.
La Prensa Gráfica