FUNDOS CANADENSES PROCURAM OPORTUNIDADES EM TÍTULOS INDIANOS


A Caisse de dépôt et placement du Quebec está de olho no mercado de títulos e fundos de private equity da Índia. A entidade almeja aumentar sua exposição ao terceiro maior mercado da Ásia. 


“Pretendemos fazer algo significativo através da renda fixa”, disse Anita George, diretora-gerente para o sul da Ásia da gestora de ativos do fundo em entrevista concedida em Mumbai. A Caisse “adoraria” investir mais em dívida pública, títulos de empresas estatais e, eventualmente, em debêntures, disse George.

 

Atraídos pela mais rápida expansão econômica dentre as principais economias globais e pela expectativa por reformas econômicas do primeiro-ministro Narendra Modi, muitos investidores têm reforçado seus investimentos na Índia. As participações estrangeiras em títulos do governo e debêntures denominados em rúpias subiram cerca de 360 ​​bilhões de rupias (US$ 5,6 bilhões) para 3,5 trilhões de rupias no primeiro trimestre. Cerca de 272,6 bilhões de rupias foram investidos somente no mês de março, o maior volume mensal desde meados de 2011.

 

O fundo sediado em Montreal, que administra cerca de US$ 200 bilhões em ativos para pensionistas da província de Quebec, criou uma unidade no sul da Ásia em março de 2016 que possui aproximadamente US$ 2,8 bilhões em investimentos na Índia, informa George.

 

A Caisse também considera investir em fundos de private equity indianos, disse a gestora. “Tradicionalmente nós investimos nos grandes fundos globais, algo que continuamos fazendo. No entanto, temos procurado fundos baseados e focados na Índia e temos visto alguns fundos muito interessantes fazendo um trabalho notável.”

 

Empréstimos ruins

 

George disse que as ações governamentais para enfrentar o enorme volume de empréstimos não honrados fornece “uma oportunidade de negócio” para a Edelweiss Asset Reconstruction Co., a maior compradora de empréstimos ruins do país, na qual a Caisse tem uma participação de 20%.

 

Em outubro, o fundo canadense disse vislumbrar investimentos da ordem de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões em ativos “sob stress” e crédito corporativo especializado indiano nos próximos quatro anos.

 

Os ativos “sob stress” - que abrangem empréstimos ruins, dívidas reestruturadas e adiantamentos a empresas que não conseguem atender a determinados requisitos - aumentaram para cerca de 16,6% do total de empréstimos no país, o maior nível entre as principais economias, revelam dados do governo.

 

Várias propostas foram apresentadas pelo governo central para lidar com a questão, mas muitos bancos se recusam a descontar seus empréstimos. Alguns especialistas argumentam que o governo deveria tomar atitudes mais incisivas, criando, por exemplo, um "banco ruim” para resolver o problema.

 

George disse que está otimista em relação à atualização do código de falências e a uma auditoria realizada pelo Banco central indiano, que forçou os credores a revelar empréstimos ocultos. Os bancos agora precisarão ajustar seus sistemas, impor requisitos mais rígidos para a concessão de crédito, além de monitorar o comportamento e o desempenho dos mutuários, disse ela.

 

Se o governo “entrasse na discussão com um volume de capital maciço, seria como aplicar um band-aid na ferida ao invés de trata-la”, afirma George.

 



Bloomberg
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