Nesta quarta-feira,
o arcebispo da África do Sul, Desmond Tutu, pediu ao fundo de pensão holandês
ABP, o terceiro maior do mundo, que “protagonizasse um golpe de paz ‘não-violento’
no Oriente Médio” ao desinvestir em três bancos de Israel.
A porta-voz da ABP
afirmou que os executivos do fundo discutirão o pedido de Tutu em reunião
mensal que acontece nesta quinta-feira, na qual também será considerada uma
carta recebida da organização holandesa “Cristãos em prol de Israel’, que
deseja que o fundo continue investido em bancos israelenses.
A ABP, cujo
patrimônio era de 309 bilhões de euros (US$408 bilhões) investidos ao redor do
mundo no final de 2013, possui cerca de três milhões de participantes e posições
que totalizam 51 milhões de euros em três bancos de Israel – Hapoalim, Leumi e
Mizrahi Tefahot.
Tutu, um dos líderes
da luta sul-africana pela democracia, disse em sua carta ao conselho da ABP que
os investimentos do fundo “permitem a expansão de ocupações israelenses em
território palestino e lucram com a ocupação ilegal dessas áreas”.
“Seu conselho tem
uma escolha a fazer – continuar a fazer vista grossa para os fatos e acreditar que
a ABP não possui qualquer relação com a ocupação israelense ou juntar-se ao crescente
movimento de retirada de investimentos de Israel, que resultará na redução de riscos
da organização e respeito às leis internacionais, permitindo, ainda, que se dê um
golpe ‘não-violento’ em nome da paz no Oriente Médio.”
A porta-voz da ABP,
Jos van Dijk afirmou que embora a ONU tenha criticado a ocupação israelense em
território palestino, ela jamais acusou os bancos de Israel de infringirem
alguma lei internacional.
INVESTIMENTO
ÉTICO
“Nós temos critérios
rigorosos de desinvestimento e muitas pessoas agem por emoção, o que é
compreensível, já que todos nós odiamos a guerra”, acrescenta van Dijk. “O
fundo não investe em companhias que violam o Pacto Global da ONU, que é referência
internacional em investimentos éticos, nem em companhias que manufaturam minas
terrestres ou operam em países sob sanção das Nações Unidas.”
O pedido de Tutu, o
arcebispo anglicano aposentado da Cidade do Cabo e ganhador do Prêmio Nobel da
Paz, acontece após a decisão tomada em janeiro pelo PGGM, outro fundo de pensão
holandês, de retirar seus investimentos de cinco bancos israelenses, incluindo
os três supracitados. “Quase 1,8 milhão de pessoas ao redor do mundo já pediram
para a ABP retirar seus investimentos, incluindo dezenas de milhares de
cidadãos holandeses e inúmeros pensionistas”, diz Tutu na carta, que foi
postada no website Avaaz, pertencente
a um grupo internacional que apoia a causa.
Em dezembro, a empresa
holandesa Vitens se recusou a fazer negócio com a companhia de serviços públicos
israelense Mekorot devido à sua presença na Cisjordânia ocupada.
Reuters