Os gestores de recursos poderiam se esforçar mais para esclarecer como funcionam as taxas cobradas de milhões de participantes de planos de pensão, revela um novo estudo.
A
pesquisa, publicada pelo Financial Services Consumer Panel (FSCP), diz que há
dados disponíveis a respeito das taxas que poderiam proporcionar um maior
entendimento acerca dos custos dos planos de benefícios.
O
estudo do FSCP, órgão independente que assessora a Financial Conduct Authority
(FCA) sobre questões de consumo, é divulgado num momento em que as asset
managers enfrentam crescente pressão por maior transparência das taxas ocultas
que acabam por prejudicar o desempenho dos ativos. O FSCP já havia declarado
que os custos totais arcados pelos participantes não são “compreendidos ou
definidos” de forma abrangente e consistente.
A
nova pesquisa demonstra que quando os gestores de recursos utilizam um formato
padrão para apresentar as taxas, outros custos vêm à tona. “Nos planos de
pensão, há conselhos e comitês independentes de governança cujas
responsabilidades incluem a busca pela melhor relação custo benefício para a
gestão dos recursos, algo que se torna particularmente desafiador quando desconhecemos
todas as taxas que os fundos estão pagando”, afirma Teresa Fritz, membro do
FSCP.
“O estudo apurou que quando se utiliza um
formato padrão para a coleta de dados relativos aos custos dos fundos de pensão,
há informações disponíveis aos gestores de recursos que poderiam ser divulgadas
aos conselhos.”
Inscrição automática
Atualmente,
há certa pressão para que os comitês internos de governança das entidades
avaliem o uso dos recursos de milhões de poupadores inscritos automaticamente
em planos de pensão sem que tenham plena consciência dos custos envolvidos em
tais programas.
“A
pesquisa evidencia que há algumas medidas que poderíamos adotar hoje a fim de
aprimorar as informações que são disponibilizadas a participantes, comitês de
governança e conselhos”, acrescenta Fritz.
Um
relatório elaborado pelo FSCP em 2014 já afirmava que o controle de custos por
parte dos gestores de ativos deixava a desejar, algo que nem sempre chega ao
conhecimento do participante/investidor. Os custos poderiam, por exemplo, ser
deduzidos diretamente do valor dos fundos de pensão ao invés de relacionados
como custos de transação, dando a entender que são arcados pelas próprias
gestoras de ativos.
Desde
que o relatório foi publicado, a regulação de disclosure aplicável à indústria
de gestão de ativos vem sendo reelaborada tanto na Europa quanto no Reino
Unido. Mas outras preocupações continuam surgindo a respeito, especificamente,
dos custos de pesquisas relacionadas aos investimentos.
“A
Autoridade de Conduta Financeira contabilizou 1,5 bilhão de libras em dinheiro
do investidor pagos, em taxas, às gestoras de recursos por pesquisas relacionadas
a investimentos somente em 2012. No entanto, onde tais despesas foram
declaradas? Em lugar algum”, disse Daniel Godfrey, ex-executivo chefe da
Associação de Investimento.
Maior transparência
Atualmente,
a Associação de Investimento (Investment Association - IA), que representa a
indústria de gestão de ativos do Reino Unido, discute com reguladores e autoridades
governamentais alternativas para melhorar a divulgação dos encargos e custos de
transação.
A
IA propõe alinhar as regulações de Reino Unido e União Europeia num arcabouço
único para que os dados sejam mais “significativos e consistentes” para
clientes institucionais e de varejo.
“É
clara a intenção de promovermos maior transparência”, ressalta Jonathan Lipkin,
diretor de Políticas da Associação de Investimento. “A intenção da (nova) estrutura
de disclosure é viabilizar os canais operacionais para que a regulação seja
respeitada. Dada a nossa expectativa de acordo entre representantes da indústria
e participantes, esperamos que o regulador dê o devido reconhecimento à iniciativa.
”
Gulf News