“É perigoso quando
a agência reguladora fica ressentida”, afirmou John Reeve, consultor sênior da consultoria
Premier, especializada na gestão de planos de benefícios. Reeve refere-se ao
fato do regulador britânico - The
Pensions Regulator - ter revelado recentemente que falhou em promover
melhorias na gestão dos planos de Contribuição Definida (CD).
Atualmente, todas as atenções da indústria
previdenciária estão voltadas para os planos CD. O processo de inscrição
automática está em pleno vapor e a ampla maioria dos participantes que adere
aos novos planos tem optado por programas CD. As mudanças revolucionárias
anunciadas em 2014 também ajudaram a colocar esses planos no centro das
discussões de forma nunca antes vista.
Nesse contexto, não surpreende que o Pensions Regulator esteja profundamente comprometido
com a forma como os planos CD devem ser administrados no futuro. Os seis
princípios e outros 31 padrões de qualidade definidos pela agência foram
desenhados com a intenção de aumentar gradualmente a importância desses planos
no mercado previdenciário.
Em seu relatório anual, o regulador declarou
ter falhado em alcançar três de seus quatro indicadores de performance, estabelecidos no início deste ano, relacionados à
melhoria da gestão dos planos CD.
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Apenas 12% dos empregadores tinham
conhecimento dos seis princípios (a meta era 60%);
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Somente 61% dos planos CD haviam implantado
pelo menos quatro quintos dos padrões de qualidade definidos pela agência (o
alvo era 75%);
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Apenas 37% dos conselheiros compreendiam a
estrutura de custos dos planos por eles administrados (o objetivo, nesse caso,
era de 42%).
Meu medo é que um regulador ressentido pode
ser algo perigoso! É provável que a agência decida redobrar seus esforços a fim
de monitorar os planos CD mais de perto. Nesses casos, os resultados alcançados
costumam ser o oposto ao que se pretende.
Os seis princípios e 31 padrões de qualidade
são indefectíveis e abrangem temas que de fato precisam ser devidamente tratados.
Acho ótimo que os conselheiros tenham adquirido novas responsabilidades, dado
que são eles os principais responsáveis por melhorar os resultados dos planos
de benefícios. Contudo, tendo em vista a sua disponibilidade limitada de tempo,
o meu medo é que os conselheiros reajam ao monitoramento intensificado do
regulador se atendo mais ao cumprimento das exigências do que à melhora dos resultados
dos planos.
No que tange ao aumento dos conhecimentos dos
membros dos colegiados a respeito da estrutura de custos dos planos, o
regulador afirmou: “Até 2018 pretendemos garantir que grande parte dos
participantes já esteja inscrita em planos cujos conselheiros possuam um bom
nível de entendimento da estrutura de custos.” A meu ver, esse ‘bom nível de
conhecimento’ pode ser facilmente alcançado, embora o conselheiro deva ter mais
cuidado e preocupação em garantir que as taxas cobradas sejam adequadas e
ofereçam uma boa relação custo-benefício para o participante.
Mas qual seria a alternativa?
Eu sugiro que mudemos a abordagem de
cumprimento de regras para uma abordagem de melhoria de resultados. Os
conselheiros precisam ser estimulados a olhar para as reais necessidades e
desejos do participante ao invés de cumprir requisitos pré-estabelecidos. Os
princípios e padrões de qualidade do regulador constituem uma excelente checklist, mas eles não conseguem,
sozinhos, promover a melhoria dos resultados. A renda de aposentadoria somente poderá
ser melhorada se os conselheiros tiverem a liberdade e o apoio necessários para
fazer o que for mais interessante para os participantes sem que sejam forçados
a cumprir listas extensas de exigências.
Escrito por John
Reeve, consultor sênior da Premier
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