A maioria dos patrocinadores de planos corporativos
norte-americanos ainda não deu inicio ao processo de redução gradual dos riscos
de seus planos de pensão, estratégia que implica no aumento da parcela de renda
fixa nos portfólios com o objetivo de buscar um melhor casamento da duração de
ativos e passivos à medida que o status de fundeamento se eleva.
Analistas argumentam que os fundos de pensão estão mais expostos
à volatilidade de fundeamento porque a maturação dos ativos não encontra-se plenamente
‘casada’ com o horizonte das obrigações.
A alocação de ativos agregada das 50 empresas constantes no
índice S&P 500 com os maiores fundos de pensão manteve-se praticamente
inalterada entre o fim de 2012 e dezembro de 2013.
Segundo análise de Michael A. Moran, estrategista previdenciário
da Goldman Sachs Asset Management de
Nova York, é a primeira vez desde 2003 -
ano em que teve início a análise, que a alocação alvo em renda fixa (41%)
superou a da renda variável (40%).
Entretanto, acrescenta o especialista, tendo em vista o bom desempenho
das ações no ano passado, a alocação dos planos em renda fixa permaneceu em
patamares mais baixos que o esperado, especialmente nos casos em que a
estratégia padrão é a de glidepath.
Outros planos têm evitado a revisão das carteiras devido às
baixas taxas de juros. Na opinião de Moran, muitos gestores ainda esperam a
recuperação das taxas antes de aumentarem efetivamente a proporção de renda
fixa no portfólio.
Há quem argumente que, na prática, os
investimentos voltados para a cobertura do passivo ainda são relativamente
novos, motivo pelo qual muitas entidades têm preferido aguardar até que o ponto
de entrada na renda fixa se torne mais atrativo.
Para Moran, o que se vê não são
dúvidas sobre adotar ou não a estratégia, mas o momento mais adequado para fazê-lo.
“Os planos que ainda não adotaram os LDI são aqueles que têm uma visão específica
sobre as taxas de juros que os faz manter as posições no atual contexto de
baixa.”
Moran acrescenta que costuma haver certa tensão entre as áreas
de gestão de riscos e de investimento da companhia patrocinadora. Os gestores
de risco tendem a buscar a cobertura do passivo à medida que o nível de
fundeamento avança; já os investidores mostram-se mais propensos a adiar a
transição para os títulos de longa duração diante da expectativa de aumento das
taxas de juros.
Mas há outras razões para que os patrocinadores optem pelo
adiamento da adoção dos LDI. Um exemplo são as novas tábuas de mortalidade que
devem ser adotadas pelos planos corporativos, implicando num aumento estimado
do passivo em 4% a 6% ou mais. Sendo assim, a manutenção dos ativos de
crescimento poderia ajudar a mitigar esse risco.
A alocação em renda variável sofreu forte redução nos últimos
anos em comparação com a distribuição 70/30 anterior à crise financeira.
Atualmente, pesquisas apontam que a alocação média entre os planos corporativos
americanos é de 57% em ativos de crescimento e 43% em renda fixa.
Embora muitos patrocinadores ainda resistam à redução dos riscos
via mecanismos menos flexíveis de glidepath,
em geral, tem-se observado o aumento da alocação em derivativos e títulos de
longo prazo desde junho de 2013. A expectativa é pela continuidade dessa
tendência tendo em vista a perspectiva de retornos mais baixos e maior
volatilidade do mercado acionário em 2014.
Na visão de especialistas, os níveis de fundeamento dos planos
corporativos americanos mantêm-se em patamares interessantes em 2014, o que
prova a eficácia das estratégias de mitigação dos riscos adotadas até o momento.
Estima-se que o status de fundeamento médio atual seja de 90% contra 95% no
final de 2013, movimento considerado pouco significativo pelos analistas.
Wiser