FUNDOS DE PENSÃO IRLANDESES CITAM MUDANÇAS REGULATÓRIAS COMO O RISCO MAIS RELEVANTE


O volume e a coerência das mudanças na regulação dos fundos de pensão irlandeses foram identificados, pelas próprias entidades, como o maior risco para o sistema. É o que indica uma pesquisa realizada pela associação de fundos de pensão do país, a Irish Association of Pension Funds - IAPF.

Mais de dois terços dos 50 fundos pesquisados apontam as mudanças na regulação como um dos riscos mais significativos para a boa governança dos planos.  67% mostram-se preocupados com o nível de capacitação dos conselheiros (trustees).

A pesquisa, conduzida pela Ernst & Young a pedido da Associação Irlandesa de Fundos de Pensão, também apurou que muitos fundos ainda precisam promover a redução dos riscos de portfólio, embora os planos de maior porte do país tenham por hábito investir os ativos de forma mais conservadora.

Jerry Moriarty, CEO da IAPF, salienta que o equilíbrio entre a busca por rentabilidade e o casamento de ativos e passivos é um ‘ponto que vem sendo bastante debatido’, especialmente no atual contexto de mudanças nos Padrões Mínimos de Fundeamento (Minimum Funding Standard - MFS) e face à futura introdução de um colchão de solvência de 10% para absorver ocasionais choques de mercado.

Moriarty pondera que se por um lado uma estratégia de investimento muito arriscada pode fazer com que o fundo sofra perdas ‘significativas’, por outro a ênfase exagerada na cobertura do passivo pode prejudicar a obtenção de bons retornos, “restringindo o crescimento de longo prazo, aspecto vital à entrega dos benefícios prometidos”.

A Associação também apurou, por meio da pesquisa, que 75% dos respondentes já haviam revisto ou estavam em processo de revisão das carteiras devido às novas exigências que entrarão em vigor em 2016.

O CEO da IAPF acredita que como 45% dos fundos pesquisados já revisaram suas políticas de investimento e outros 27% haviam condicionado tal análise às novas regras de fundeamento, é possível afirmar que a regulação teve impacto significativo sobre as entidades irlandesas. “O colchão de solvência é um mecanismo louvável”, ressalta Moriarty, “mas o timing da medida não poderia ser pior. A exigência parece ter surtido impacto considerável sobre alguns planos, colocando em xeque a sua viabilidade de longo prazo.”

A pesquisa também demonstrou que as entidades menores têm maior exposição à gestão ativa e que os fundos com patrimônio de até €25 milhões investem 58% dos ativos em classes mais voláteis. Contudo, em média, há pouca diferença entre as carteiras de planos mais jovens e maduros: em 50% dos fundos mais jovens, a alocação em ativos mais arriscados e rentáveis supera em apenas sete pontos percentuais a dos planos mais maduros.


Iain Brown, sócio da Ernst & Young, acredita que os planos menores simplesmente não possuem os recursos necessários para promover a redução dos riscos. “Ainda assim, temos a expectativa por um aumento do número de carteiras voltadas para estratégias LDI”, prevê o especialista. O CEO do regulador Pensions Board, Brendan Kennedy, já havia expressado a sua preocupação com o fato dos fundos de Benefício Definido estarem reduzindo risco “em ritmo extremamente lento”.

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