O governo grego deu início a uma
série de contatos dentro e fora do país para ganhar apoio antes de nova rodada
de negociações junto aos seus principais credores a fim de concluir com êxito a
primeira avaliação do terceiro “resgate financeiro”, receber uma nova parcela
do auxílio, e iniciar um amplo debate sobre os níveis de endividamento do
Estado.
Nesta quinta-feira, o primeiro
ministro Alexis Tsipras se reuniu com parceiros sociais para expor suas ideias
para a reforma previdenciária. Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Euclides
Tsakalotos, dá início a uma turnê por várias capitais europeias. Tsakalotos
pretende conversar com outros ministros da Fazenda em Roma, Lisboa, Paris,
Helsinque, Amsterdã e Berlim.
A
nova “turnê” lembra muito a série de contatos feitos há um ano por Tsipras e o então
ministro da Fazenda, Yanis Varoufakis, na tentativa de evitar um novo resgate financeiro
condicionado a medidas de austeridade, iniciativa que acabou revelando-se mal
sucedida, tendo resultado na assinatura de um acordo que previa uma ajuda
financeira de 86 bilhões de euros e uma série de medidas de ajuste fiscal.
Nos
últimos meses, o governo grego tem cumprido, em maior ou menor grau, todos os
requisitos acordados com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Mecanismo
Europeu de Estabilidade e Fundo Monetário Internacional, o que lhe permitiu
receber três “lotes” de socorro financeiro num total de 16 bilhões de euros.
Nos
próximos meses, a Grécia espera receber outros 5,7 bilhões de euros. Para tal,
o país precisa ser “aprovado” na primeira avaliação do programa de ajuste
fiscal, que inclui uma das reformas mais difíceis de ser negociada.
Trata-se
da reforma previdenciária, assunto que gera grande tensão social e que deverá
por em teste a estabilidade do governo de Tsipras.
A
reforma do sistema de Seguridade Social prevê o aumento da idade de
aposentadoria para 67 anos, além de outras medidas que enfrentam forte resistência
de uma sociedade que teve os benefícios previdenciários reduzidos em mais de
30% nos últimos anos. Ainda assim, os credores da Grécia acreditam que as
mudanças são insuficientes.
O
novo sistema seria composto por uma pensão estatal universal de 384 euros
acrescida de benefício baseado na média salarial do segurado e anos
trabalhados, viabilizando uma taxa de reposição de 60% do salário médio da
ativa.
O
governo firmou compromisso com o projeto de reforma junto aos credores na segunda-feira;
além disso, disse que manterá as pensões dos atuais aposentados intocadas até
2018. Aqueles que se aposentarem ao longo deste ano sofrerão cortes no benefício
de 15% a 30% dependendo da base de cálculo.
A
proposta inclui também um aumento nas contribuições para a Previdência Complementar
de 0,5% para os trabalhadores e 1% para os empregadores. Estão previstos cortes
de até 20% dos benefícios complementares, os quais são financiados
exclusivamente por trabalhadores e empregadores.
Neste
ano, o governo está empenhado em economizar 1,4 bilhão de euros apenas no
sistema previdenciário, montante que, segundo os credores, dificilmente será
atingido via as medidas propostas.
Uma
das principais divergências entre o governo e seus credores diz respeito aos
valores dos benefícios: o governo quer uma taxa de reposição de 60%, os
credores, de 50%. Outro ponto de
discórdia é o aumento das contribuições patronais aos planos complementares.
A
expectativa é que as principais instituições financeiras da Europa retornem à
Atenas nas próximas semanas, mas ainda não há uma data definida.
Investing.com