A tendência, revelada num estudo global conduzido pela State Street junto a 130 fundos de
pensão de grande porte, é clara: os patrocinadores estão reavaliando sua
atitude em relação aos riscos na medida em que buscam a geração de valor num
ambiente de investimento cada vez mais difícil.
Quão difícil é o atual ambiente de investimento? As taxas de
juros estão baixas e a expectativa é que se mantenham assim por muitos anos, fazendo
com que as obrigações futuras dos planos mantenham-se em patamares elevados. A
renda variável, principal classe de ativo capaz de geral retornos mais
“suculentos”, está muito valorizada, o que dificulta a obtenção de ganhos maiores.
O que é possível fazer tendo em vista que os fundos de pensão se
comprometeram a pagar benefícios aos aposentados até que eles venham a falecer?
De acordo com o levantamento da State
Street - que tem como enfoque quinze países diferentes - a reavaliação do
risco significa que os patrocinadores de planos deverão aumentar seu apetite de
risco nos próximos três anos, passando a atuar mais ativamente no processo de
investimento.
De fato, três quartos dos respondentes esperam aumentar seu
apetite de risco via “a transferência de ativos para classes menos conhecidas,
como alternativos, a fim de gerar crescimento e cobrir os passivos de longo
prazo”. Tal objetivo deverá ser alcançado, esperam os fundos, por meio de
“grandes alocações em alternativos”, grupo que inclui hedge funds, private equity,
empréstimos diretos, infraestrutura e imóveis.
Robert Baillie, CEO da State
Street Trust Company Canada afirmou: “Observamos uma mudança em favor dos
ativos alternativos. As alocações que os fundos possuíam anteriormente não
estão sendo suficientes para gerar os retornos que eles precisam”.
A pesquisa indicou que 60% dos respondentes deverão aumentar as
atuais alocações em private equity,
enquanto 25% investirão em hedge funds
pela primeira vez. No entanto, os investimentos em hedge funds carregam problemas como “a falta de transparência que,
sob o ponto de vista da governança, deixa os fundos de pensão bastante
nervosos”, salienta Baillie, cuja companhia gerencia aproximadamente 1 trilhão
de dólares no Canadá, além de outros US$ 29 trilhões globalmente.
A forte elevação do volume de ativos gerenciados internamente é
outra revelação da pesquisa. A partir de agora, 81% dos fundos de pensão
planejam gerenciar mais ativos in-house,
processo cuja implantação é facilitada nos fundos de grande porte. Baillie espera
que os fundos canadenses adiram ao movimento. Ele também tem a expectativa de
que a gestão passiva e de moeda adquiram importância daqui para frente.
Custos mais baixos e maior facilidade no monitoramento são
alguns dos fatores associados à tendência em prol da gestão interna dos ativos.
O relatório da State Street demonstra
que a gestão externa dos recursos pode custar 46 pontos base ou cinco vezes
mais do que a gestão interna.
Em contrapartida, outros fundos caminham em direção à redução
dos riscos. Recentemente, o fundo BCE tornou-se a primeira entidade a contratar
o “seguro de longevidade” fora da Inglaterra. Dessa forma, se o grupo de
aposentados cobertos viver mais do que o
esperado, o pagamento extra de benefícios estará garantido pela Sun Life, seguradora responsável pela
apólice.
O seguro contra a longevidade deve crescer na Inglaterra (onde o
segmento já movimenta cerca de US$100 bilhões), embora o conceito tenha
especial apelo junto aos fundos de grande porte com grandes parcelas de
aposentados. No Canadá, aproximadamente uma dúzia de fundos teria condições de
seguir os passos do BCE.
Financial Post