EUA SERÃO O MAIOR BENEFICIADO DA REFORMA NO FUNDO DE PENSÃO DO GOVERNO DO JAPÃO


Os ativos norte-americanos serão os maiores beneficiados da decisão do Fundo de Pensão de Investimentos do Governo do Japão (Japanese Government Investment Pension Fund - GPIF) de duplicar sua meta de alocação em ações estrangeiras para 25%, dizem analistas.

As mudanças no fundo de pensão com US $1,1 trilhão de ativos coincidem com a chocante decisão do Banco do Japão de aumentar seus estímulos, notícia responsável por fazer os mercados acionários globais dispararem na sexta-feira, dia 7. 

“A mudança na meta de alocação em ações internacionais para 25% dos ativos do fundo é boa notícia”, afirmou, em nota, Tobias Levkovich, estrategista chefe de Renda Variável do Citigroup. “O mercado terá um novo comprador de ações e os EUA deverão ser um dos maiores beneficiários.”  

Cerca de US$ 60 bilhões deverão ser dedicados a novas compras de ações fora do mercado japonês, e metade desse valor deve ir para os Estados Unidos até o final de 2015, acrescentou Levkovich, salientando que as ações de Wall Street devem começar a sentir os benefícios da mudança ainda neste ano. “Normalmente, os investidores estrangeiros compram ações large cap com maior impacto sobre os índices”, informa o executivo, “logo, não podemos ignorar a possibilidade de os preços das ações superarem o alvo do S&P 500 para o final de 2014”. 

Opinião similar é compartilhada por outros analistas. “É bastante realista (a possibilidade dos EUA serem o maior beneficiado) se olharmos para os lugares onde os japoneses sentem-se mais confortáveis para investir seu dinheiro”, disse Uwe Parpart, diretor-gerente e chefe de pesquisa da Reorient Financial Markets, à CNBC. “Por ser um fundo de pensão, eles não colocaram os recursos em ações de small cap ou nada desse tipo; eles precisam de ações robustas e líquidas que oferecem retornos estáveis em longo prazo.”

No entanto, Parpart não parece muito convencido de que o fluxo de recursos fará uma diferença tão significativa no desempenho do mercado de ações. “US$30 bilhões parece muito dinheiro, mas se levarmos em conta o longo prazo, não se trata de volume suficiente para influenciar os mercados”, argumenta o especialista, salientando, porém, que a injeção de recursos é muito bem-vinda.

Títulos do governo

Além disso, um aumento da alocação do fundo de pensão nos mercados estrangeiros de títulos, de 11% para 15%, deve elevar a demanda por títulos do tesouro americano, fazendo aumentar o fluxo de recursos para os EUA, avaliam os analistas do HSBC. Enquanto isso, o GPIF deve reduzir sua alocação em títulos domésticos de 60% para 35%.

“O aumento da compra de ativos deve ser mais que suficiente para cobrir a redução drástica na detenção de títulos públicos japoneses planejada pelo GPIF, permitindo que o valor desses títulos permaneça em patamares mais baixos”, declarou André da Silva, chefe da área de Pesquisa de Preços em Mercados Emergentes do HSBC. “Os retornos extremamente baixos dos títulos do governo do Japão devem contribuir para a melhora da avaliação de outros papéis importantes, como os títulos do Tesouro americano e seus substitutos”, afirmou. “A demanda por maiores retornos deve aumentar entre os investidores japoneses, estimulando os investimentos no exterior.”

Da Silva estima que mais de US$100 bilhões poderiam ser realocados em títulos estrangeiros. Nesse contexto, os títulos americanos seriam os mais atraentes para os investidores japoneses. Os mercados de títulos da França, Austrália, Índia e Indonésia seria alternativas interessantes.

O fundo de pensão japonês vem sofrendo pressão do Primeiro Ministro Shinzo Abe para investir mais em ativos com maior risco e retorno num período em que a agenda econômica de Abe parece estar perdendo fôlego. 



CNBC
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