Os dois maiores fundos de pensão dos Estados
Unidos estão sob forte pressão para que deixem de investir em empresas de
carvão.
Na
segunda-feira, o senador californiano Kevin de Leon informou que irá introduzir
um projeto de lei para exigir que os dois fundos estatais - CalPERS, dos
servidores públicos, e CalSTRS, dos professores do estado - retirem todos os
investimentos que possuem em empresas carboníferas.
O
projeto de lei faz parte de um pacote mais amplo de medidas - que, por sinal,
tem todo o apoio do governador da Califórnia, Jerry Brown – destinado a
intensificar os esforços do estado na luta contra mudanças climáticas.
“Os
maiores fundos de pensão do nosso estado precisam se preocupar com o futuro”,
afirma de Leon. “Com a redução da energia produzida a partir do carvão, cujo
valor tem caído, nós deveríamos direcionar nossas carteiras para investimentos
de baixo carbono, bem como ao estímulo à uma economia baseada em energias
limpas.”
Os
dois fundos de pensão são, até agora, os maiores alvos de um movimento que teve
início nos campi das universidades e que começa a chegar às mesas de reuniões
de grandes investidores.
O
CalPERS possui cerca de US$300 bilhões em ativos, incluindo 30 empresas de mineração
de carvão avaliadas em aproximadamente US$ 170 milhões. O CalSTRS, cujo
patrimônio é de US$190 bilhões, possui
cerca de US$ 132 milhões em ativos de carvão.
O
movimento vem ganhando adeptos. Em setembro, o Rockefeller Brothers Fund - um império fundado a partir da
exploração petrolífera - abriu mão de todas as posições que possuía em empresas
de combustíveis fósseis. A Universidade Stanford também se comprometeu a
desinvestir de carboníferas. A Harvard University
está sendo processada pelos alunos por se recusar a desinvestir e a
Universidade da Califórnia está sofrendo pressão de ativistas para eliminar
cerca de US$ 90 bilhões em ativos de combustíveis fósseis.
A
proposta de De Leon exigirá que os gestores de ambos os fundos de pensão
retirem os investimentos de todas as empresas de mineração de carvão, além de
deixarem de fazer novos investimentos em carvão nos 18 meses subsequentes à
aprovação do projeto. A Lei também estimulará os fundos a explorarem a possibilidade
de desinvestir completamente de empresas de combustíveis fósseis (incluindo gás
natural), prestando contas ao legislativo estadual em 2017.
O
CalPERS se recusou a comentar o assunto até ter mais informações sobre o projeto
de lei. Já o CalSTRS afirmou que pretende trabalhar com o governo para chegar a
uma solução que satisfaça a todos e que esteja alinhada ao objetivo do fundo de
dobrar os investimentos em energia e tecnologia limpa em cinco anos. Ativistas
acreditam ser possível fazer com que os fundos negociem sua retirada da
indústria carbonífera tendo em vista a sua sensibilidade anterior às causas
defendidas pelos acionistas.
O
projeto de lei faz parte de um pacote amplo de medidas que, entre outros
aspectos, prevê que o estado da Califórnia se comprometa a gerar metade de sua
energia por meios solares e eólicos até 2050 (a meta atual é de 33%). Outra
meta é reduzir a dependência de gasolina em 50% até 2030 através de
investimentos em transporte público e medidas de eficiência.
A
empresas de eletricidade e alguns democratas já demonstraram descontentamento
em relação às propostas.
The Guardian