Governo
escocês insiste que a independência do país teria pouco impacto sobre as pensões
públicas e planos privados
Na
verdade, ministros prometeram uma
pequena melhora nas pensões do Estado. Entretanto, a promessa foi considerada
ilusória pelos líderes da campanha do ‘Não’, segundo os quais a Escócia
independente terá dificuldades para manter os benefícios estatais nos patamares
atuais. Os participantes de planos privados, por sua vez, seriam afetados pelas
regras da UE em vigor para os programas ‘internacionais’ que operam no
continente.
Q: O
que deve acontecer com as pensões providas pelo Estado na Escócia independente?
A: O
governo escocês prometeu pensões por idade mais generosas se os escoceses
votarem “sim”. Os pensionistas atuais teriam um aumento de pelo menos 2,5% no
benefício a partir de 2016. Os novos pensionistas receberiam uma pensão estatal
nos moldes do sistema inglês a partir de 2016, porém com um aumento de £1,10 sobre
os £160 semanais pagos atualmente.
Os
ministros também afirmam que poderiam rejeitar o plano do governo britânico de
aumentar a idade de aposentadoria para 67 anos até 2028. Eles acreditam que
esse aumento não seria justo com os escoceses devido à sua menor expectativa de
vida. Contudo, o Instituto de Contadores Certificados da Escócia (ICAS)
advertiu que a existência de critérios de aposentadoria diferenciados na
Escócia e na Inglaterra poderá desencorajar pessoas a transitarem de um país ao
outro a trabalho.
Q: Uma
Escócia independente poderia arcar com pensões públicas mais generosas?
A: De
acordo com o governo britânico, os custos seriam consideráveis. Deixar de
aumentar a idade de aposentadoria para 67 anos custaria à Escócia independente cerca
de £6 bilhões entre os anos de 2026 e 2036, além de ‘drenar’ aproximadamente £9
bilhões da economia, já que as pessoas parariam de trabalhar mais cedo. Elevar
o beneficio estatal em apenas £1 a mais do que o valor pago no Reino Unido
custaria £50 milhões anualmente após 20 anos. O número de pensionistas na
Escócia deve aumentar de 1 para 1,3 milhão nos próximos 20 anos. O Instituto de
Estudos Fiscais advertiu que a Escócia independente enfrentará maior pressão orçamentária
do que o Reino Unido nas próximas décadas, em parte devido ao envelhecimento da
população.
Q: O
que aconteceria com as pensões de setor público?
A: Os
dois maiores planos de pensão públicos não fundeados, destinados a professores
e funcionários da área da saúde, são pagos pelo governo britânico. O Reino
Unido também arca com as despesas dos programas de aposentadoria dos
funcionários públicos e da forças armadas. O governo escocês diz que todas as
pensões do setor público estarão “protegidas e amplamente acessíveis” na Escócia
independente, e que já há a infraestrutura necessária para que isso aconteça. O
volume de passivos previdenciários a ser transferido para o novo país
independente ainda deve ser discutido após o voto positivo da população, mas o
governo britânico estima um valor de cerca de £100 bilhões.
Q: O
que aconteceria com as pensões privadas e complementares?
A: O
governo escocês afirma que uma nova agência reguladora seria criada, e que o
novo órgão trabalharia em conjunto com as autoridades britânicas existentes. O
esquema garantidor Pension Protection
Fund continuaria a servir a Escócia, mas há controvérsias sobre a eficácia
do arranjo e sobre até que ponto o governo britânico estaria disposto a
compartilhar os riscos.
Q: O
que aconteceria com planos de pensão ‘internacionais’ que operam na União
Europeia?
A: O Instituto
de Contadores Certificados da Escócia ressalta as dificuldades em potencial para
que os planos privados ingleses adquiram um caráter ‘internacional’ caso a Escócia
seja declarada independente. Muitos desses programas possuem déficits
consideráveis, a exemplo do Universities
Superannuation Scheme, que apresenta um rombo de quase £10 bilhões. De
acordo com as regras da União Europeia, esses planos teriam que elevar
consideravelmente seus níveis de fundeamento ou sofrer uma fragmentação,
dividindo-se em planos escoceses e britânicos. Como consequência, é provável
que os participantes acabem sendo os maiores prejudicados.
O
governo escocês insiste que a UE daria um prazo apropriado para que os planos
se adaptassem às novas regras. Entretanto, o ICAS afirmou que um período de
tolerância de três anos, como sugerido pelo governo escocês, seria
“completamente inadequado” para os planos se ajustarem.
Herald Scotland