Os fundos de pensão de grande porte da Califórnia - CalPERS e
CalSTRS - perderam mais de US$ 5 bilhões em investimentos em combustíveis
fósseis num momento em que reguladores trabalham para que os fundos se livrem
das ações de empresas de carvão.
Segundo análise
do grupo ambiental 350.org, os dois fundos de pensão perderam US$ 5,2 bilhões
de junho de 2014 a junho deste ano em decorrência de investimentos realizados em
empresas que produzem carvão, petróleo e gás natural. Desde então, o valor das
ações dessas empresas caiu ainda mais devido à redução nos preços do petróleo e
gás natural.
“É importante nos
darmos conta que os combustíveis fósseis em geral, e o carvão em particular,
são apostas arriscadas para os fundos de pensão”, diz Brett Fleishman, analista
sênior da 350.org, organização que promove desinvestimentos de combustíveis
fósseis como forma de combater as mudanças climáticas. “As pessoas afirmam que
os desinvestimentos são arriscados, mas nós acreditamos que arriscado é não desinvestir.
”
O decreto SB185
do presidente do senado, Kevin
de León, levaria ambos os fundos a desinvestir de
empresas com 50% das receitas provenientes da produção de carvão. A lei,
entretanto, possui uma brecha. O CalPERS e o CalSTRS poderiam manter os
investimentos em carvão caso a venda dos mesmos fosse considerada uma violação
de seu dever fiduciário.
“O decreto é
acertado tanto sob o ponto de vista econômico quanto social”, observa o senador
Jerry Hill, coautor da norma. “Nós deveríamos estar migrando para fontes de
energia e investimentos que sejam socialmente responsáveis e que nos
transportem do século XX para o século XXI.”
Ao longo dos
anos, os fundos californianos vêm sendo alvo de inúmeras batalhas de
desinvestimento envolvendo empresas de tabaco e países como África do Sul, Irã
e Sudão, com os legisladores fazendo uso do poder de fogo das entidades para
defender posições sociais ou políticas. O CalPERS é o maior fundo de pensão do
país, com US$301 bilhões em ativos.
O CalPERS investe
em cerca de 30 empresas de carvão que seriam abrangidas pelo decreto SB185, as
quais possuem um valor de mercado de US$ 167 milhões segundo o gabinete do
senador León. O CalSTRS possui aproximadamente US$ 132 milhões em investimentos
em carvão.
A despeito das
perdas acarretadas pelos combustíveis fósseis, o CalPERS obteve rentabilidade
de 2,4% no exercício encerrado em 30 de junho. Nos últimos cinco anos, o fundo
alcançou 10,7% em retornos.
SFGate