FUNDOS DE PENSÃO INVESTEM NO TRANSPORTE MARÍTIMO EM BUSCA DE MAIORES RETORNOS


Os fundos de pensão, pressionados pelas baixas taxas de juros, vêm explorando os investimentos em transporte marítimo na busca por retornos mais elevados. A intenção é tirar proveito da indústria que começa a se recuperar após um período de fortes baixas.

Pela primeira vez desde a crise financeira mundial, há sinais de recuperação gradual do comércio mundial, bem como do valor dos transportes marítimos. Especialista nesse tipo de transporte, a empresa NordLB acredita que o mercado pode passar por forte recuperação, mas não antes de 2016.

Tal recuperação poderá garantir retornos de dois dígitos para os fundos de pensão que decidirem incluir o transporte marítimo na chamada “classe de ativos alternativos”, cuja participação é de até 15% das carteiras desses investidores. Contudo, os interessados precisam fazer o dever de casa.

Alguns hedge funds e firmas de private equity tiveram prejuízo ao investir precocemente no segmento com base numa suposta recuperação que tem levado mais tempo que o esperado para se materializar.

Até o momento, somente alguns fundos de pensão se aventuraram nesse universo, fato que se deve, em parte, à necessidade de conhecimentos específicos, tais como o apreçamento correto das embarcações.

Um dos fundos de pensão pioneiros é o finlandês Ilmarinen (34 bilhões de euros sob gestão). No começo deste ano, o Ilmarinen comprou cinco petroleiros e três navios de abastecimento da refinaria estatal finlandesa Neste Oil.

Esko Torsti, chefe da área de investimentos não listados do Ilmarinen, afirma que o investimento somou dezenas de milhares de euros por meio de uma joint venture que pertence ao fundo de pensão e ao governo. “Investir em navios não é a coisa mais fácil do mundo, demandando muita cautela e expertise”, argumenta Torsti.

Outro estímulo em potencial para os investimentos na indústria de transporte marítimo é o alargamento da lacuna de financiamento decorrente da redução do volume de empréstimos provido pelos bancos, pressionados pelo aumento das exigências de capital. O valor atual combinado dos navios em operação é estimado em 1,25 trilhões de euros, com outros 380 bilhões em navios sendo construídos.

O fundo de pensão britânico Merseyside (6,1 bilhões de libras sob gestão) tem investido em transporte marítimo via a gestora de ativos Marine Capital. A Marine Capital já investiu 200 milhões de euros em sete navios de carga sólida a granel através de um fundo e pretende investir mais 1,4 bilhão em outros dois fundos: um voltado para esse mesmo tipo de embarcação e outros dedicado a porta-contêineres.

 “O que nos chamou a atenção sobre o fundo foi o fato dos gestores serem os operadores dos navios e, ao mesmo tempo, os investidores financeiros”, explica Peter Wallach, head da Merseyside, acrescentando que os retornos anuais já atingiram os dois dígitos, superando as expectativas.

Segundo o arranjo, a Marine Capital compra os navios e os gerencia, enquanto durarem os contratos, para posteriormente revendê-los. Como os navios são alugados e controlados pela própria Marine Capital, todos os custos ficam cobertos.

No terceiro fundo da gestora, focado em investimentos em navios de contêineres, os investidores recebem um cupom, assim como aconteceria no mercado de títulos, explica o CEO da Marine Capital, Tony Foster. “Se o cupom for de, digamos, 6%, e a transação for de dez anos ou mais, o retorno fica em torno de 12%, superando o desempenho dos títulos de longo prazo.”

Para os fundos de pensão, esse perfil de longo prazo é a principal vantagem em relação aos fundos de private equity (entre outros), que costumam ser pautados por uma visão de mais curto prazo.

Para o que fundos de pensão que não estejam dispostos a investir em navios, há outras opções disponíveis. O fundo dinamarquês Danica, por exemplo, comprou uma participação da empresa de logística em transporte marítimo Unifeeder, ao passo que o canadense OMERS (US$65 bilhões sob gestão) preferiu adquirir, em 2011, uma participação majoritária na empresa gestora de navios V.Group por US $330 milhões através de seu braço de private equity.



Reuters
Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br