FATOS IMPORTANTES SOBRE O PLANO DE PENSÃO DA CIDADE DE NOVA YORK


No mês passado, o controlador geral da cidade de Nova York, Scott Stringer, anunciou que o sistema previdenciário do município - composto por cinco fundos diferentes - havia obtido uma rentabilidade de 17,4% em 2014. Para o controlador, trata-se de uma excelente notícia, uma vez que o município poderia reduzir as suas contribuições ao fundo e utilizar o dinheiro para financiar outras despesas da cidade.

Nesta semana, o The New York Times pintou um quadro bastante diferente. O jornal afirmou que o fundo enfrenta sérios problemas, vem obtendo retornos baixíssimos e vê seu passivo aumentar rapidamente, além de possuir uma estrutura arcaica que resulta em custos elevados e permite que os conselheiros influenciem decisões importantes baseados em interesses pessoais.

Mas quem estaria falando a verdade? O New York Times parece estar mais em contato com a realidade. Eis as razões.

Retornos de 17,4%. Está claro que a cidade teve um bom desempenho nos últimos cinco anos. Todos os mercados cresceram: o mercado acionário, de renda fixa, bem como os investimentos alternativos, como imóveis, hedge funds e private equity. A rentabilidade média no período foi de 13,7%, duas vezes a meta dos fundos municipais, que é de 7%.

Mas se voltarmos mais dois anos e considerarmos os efeitos da crise financeira sobre os mercados, a rentabilidade dos fundos nova-iorquinos fica abaixo dos 7%. Ou seja, tudo depende do período de referência. Precisamos ter em mente a máxima mercadológica de que “a performance passada não é garantia e bons resultados futuros”.

Passivos não fundeados. O que o controlador da cidade não diz é que os fundos de pensão da cidade de NY possuem níveis de fundeamento entre 55% e 65%. Segundo um estudo da consultoria Morningstar sobre os fundos de pensão de grandes cidades ao redor do mundo, o município americano chega em 23º lugar num ranking de 25 localidades.

Outra comparação: o fundo de pensão do estado de Nova York tem 90% de fundeamento segundo a consultoria Pew Charitable Trusts, colocando o estado na lista dos cinco mais bem financiados do país, embora nós ocupássemos a primeira posição há alguns anos.

O sistema da cidade é muito caro, além de estar sujeito a influencias e até corrupção. O New York Times ressaltou a natureza disfuncional dos cinco fundos, que são administrados por conselhos compostos por representantes da prefeitura, controladoria e sindicatos. Sua estrutura é tão ineficiente que o antigo controlador, John Liu, estimou que a contração de uma equipe interna de investimentos associada à imposição de limites à influencia dos conselheiros poderia representar uma economia de quase US$ 1 bilhão. De fato, o número parece demasiadamente elevado, mas pelo menos metade desse valor poderia ser facilmente poupado.  

O otimismo do controlador é exagerado e quaisquer ganhos superiores às expectativas devem ser direcionados à redução dos déficits ao invés de canalizados para a cobertura de despesas operacionais. 



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