No Canadá, a proposta de
criação de um órgão regulador de valores mobiliários em nível nacional, cujas operações
teriam início em 2018, tem recebido apoio de investidores institucionais
interessados em reduzir a complexidade de ter que lidar com diferentes
regulações que, no país, variam de uma província para outra.“A proposta avança
lentamente”, afirma Scott McEvoy, sócio do escritório de advocacia Borden
Ladner Gervais LLP, de Toronto, “mas acho que a maioria das pessoas espera que
ela venha a se tornar realidade”. O escritório Borden Ladner representa os fundos
de pensão canadenses.
Cada uma das dez províncias regula a emissão e negociação
de papéis individualmente. Os defensores de um regulador único alegam que o atual
sistema é muito complicado para administrar e regulamentar, além de ser
desnecessariamente complexo para os investidores institucionais domésticos e
estrangeiros interessados em investir nas empresas canadenses.
Em julho passado, ministros da Fazenda em nível federal e
provincial disseram que a expectativa é promulgar a nova legislação até 30 de
junho de 2018 a fim de que seja criada a Autoridade Reguladora de Mercados de
Capitais (Capital Markets Regulatory
Authority - CMRA), que deverá entrar em operação já naquele ano de acordo
com a Bloomberg. Autoridades das províncias de Alberta e Quebec disseram que
não participarão.
A CMRA “reduzirá custos e agilizará o processo” de
emissão de títulos, disse McEvoy. “Isso é bom para as instituições. Atualmente,
esse processo é muito complexo. (Um sistema interprovincial) irá reduzir custos
porque demandará menos tempo e energia de contadores e advogados. Simplicidade
é sempre a melhor opção. Emissores e gestores são favoráveis à proposta, bem
como os investidores institucionais. O maior entrave à concretização da
proposta ainda é político.”
Em 2011, o Supremo Tribunal canadense decidiu que o
governo federal não poderia impor tal proposta às províncias contrárias à ideia,
mas desde então a crescente cooperação entre elas mostra que a padronização da regulação
de valores mobiliários é possível. “O Supremo Tribunal não encerrou o debate”,
disse McEvoy. “O governo está atuando para que a proposta avance através de uma
colaboração maior com as autoridades provinciais. Ainda é possível tornar o
projeto uma realidade.”
Stephen Erlichman, diretor executivo da Canadian Coalition for Good Governance, de
Toronto, disse que um regulador único de valores mobiliários poderia resultar
num “mercados de capitais mais eficiente, capaz de atrair mais capital de
investidores nacionais e estrangeiros, refletindo num menor custo de capital
para as empresas canadenses”. Ele também disse que o novo regulador permitiria
que o país “identificasse e gerenciasse o risco sistêmico em nível nacional”.
Julie Cays, CIO do Colleges
and Applied Arts and Technology Pension Plan (US$ 6,5 bilhões sob gestão),
acrescentou: “Os investidores institucionais apoiam o regulador único para que
possam ter um único arcabouço normativo. Seria certamente melhor para os
emissores e mais fácil de “fazer cumprir” a lei quando as coisas estiverem dando
errado.”
Erlichman concorda que o cumprimento das regras é um
aspecto importante da estrutura regulatória nacional. “O reforço na aplicação
de penalidades resultaria num maior nível de proteção aos investidores em todo
o Canadá.”
Pensions & Investments