Um relatório sobre o sistema australiano que clama pelo maior uso de produtos de compartilhamento de riscos na aposentadoria foi visto como um alerta sobre os perigos do excesso de liberdade que o governo do país pretende conceder aos aposentados em potencial.
O estudo denominado “Financial System Inquiry”, que traz uma análise profunda da economia e serviços financeiros australianos, afirma que os aposentados vivem sob o medo constante de esgotar seus recursos previdenciários ainda em vida, fazendo com que muitos economizem exageradamente, abrindo mão de 15% a 30% de sua renda mensal de aposentadoria. Ao invés disso, defende o estudo, os aposentados deveriam ter à sua disposição produtos padrão de aposentadoria que façam uso de mecanismos de compartilhamento de riscos para gerir o risco de longevidade.
Com relação ao sistema de superannuation (fundos de pensão baseados no vínculo empregatício), o relatório diz: “Os ativos desses fundos não estão sendo convertidos, de forma eficiente, em renda de aposentadoria devido à falta de compartilhamento de riscos e à dependência excessiva do sistema de contas individuais. Isso contribuiu para um padrão mais baixo de aposentadoria entre os australianos e, para alguns, até mesmo ao longo da vida laboral, já que terão que economizar mais do que faziam anteriormente a fim de ter o mesmo nível de renda na velhice.
O relatório também recomenda que o governo remova as barreiras impostas ao desenvolvimento de produtos de compartilhamento de riscos e encoraje a aquisição de produtos com proteção contra a longevidade fazendo uso dos princípios da economia comportamental.
Especialistas advogam que as conclusões do relatório poderiam ser aplicadas ao contexto britânico, uma vez que o governo do país planeja dar mais liberdade aos participantes de planos, potencialmente levando-os a abandonar as anuidades que garantem uma renda vitalícia.
O Reino Unido também vivencia a introdução de um regime coletivo de Contribuição Definida baseado no vínculo empregatício que viabilizará o compartilhamento de riscos entre os empregados, possibilitando o alcance de uma renda-alvo paga pelo plano.
Stephen Lowe, diretor do provedor de anuidades britânico Just Retirement, afirmou que o principal objetivo do relatório é fazer com que as pessoas reflitam sobre suas necessidades reais de aposentadoria ao invés de gastar ou economizar os ativos excessivamente.
“O estudo recomenda que, na aposentadoria, os participantes sejam ‘levados’ a adquirir produtos que lhes deem o equilíbrio necessário para que possam ter mais recursos para gastar ao longo de suas vidas. Acho que temos muito a aprender com o estudo no Reino Unido porque estamos prestes a introduzir um sistema que coloca ainda mais responsabilidade sobre o indivíduo, não somente ao permitir que ele saque o dinheiro quando bem entender, mas que economize excessivamente quando deveria utilizá-lo para aproveitar os anos de aposentadoria.”
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