A legislação que governa os fundos
de pensão holandeses, denominada Estrutura de Avaliação Financeira (Financial Assessment Framework - FTK), fará
com que as fundações do país ofereçam menos garantias, afirma Peter Borgdorff,
diretor gerente do fundo Pensioenfonds
Zorg en Welzijn (PFZW).
A segunda versão do FTK trará mudanças
na Lei Previdenciária, incluindo alterações na taxa de desconto e nos colchões
de solvência, devendo entrar em vigor no ano que vem.
No entanto, Borgdorff reconhece que
as mudanças são necessárias. “Nosso sistema previdenciário precisa de
manutenção. Porém, isso não significa que precisamos construir um prédio novo.
Temos muito interesse em manter a sustentabilidade dos compromissos
previdenciários.”
Em relação às mudanças na estrutura
de avaliação financeira, o executivo afirma que os fundos de pensão “passarão,
a partir de agora, a ter como enfoque principal a segurança nominal dos
benefícios. Qualquer indexação será adiada pelo menos até que os colchões de
solvência estejam em níveis apropriados. As mudanças também permitirão o
adiamento de eventuais reduções nos benefícios. A nova Estrutura de Avaliação
Financeira fará com que nos afastemos da oferta de garantias e passemos a
oferecer menos.”
O nível de certeza, ou a ausência
dele, foi um dos principais temas da palestra de Borgdorff no World Pension Summit realizado em Haia,
na quarta-feira (17). “As pensões são incertas”, disse ele. “Nenhum governo
oferece garantias absolutas que permitam que as pensões sejam reajustadas
conforme a inflação. Acreditamos que devemos compartilhar essa incerteza com os
participantes. Não podemos viver um conto de fadas. Não há nada certo na
vida... é preciso falar a verdade para o participante.”
Ao ser questionado sobre o que
mudaria se fosse ministro da Previdência por um dia, Borgdorff respondeu que
buscaria estabelecer níveis contributivos igualitários para todas as gerações.
“Precisamos mudar a forma como construímos os planos de pensão. Acredito
piamente que precisamos de um sistema previdenciário que não afete o mercado de
trabalho. Os jovens pagam mais do que recebem enquanto os mais velhos recebem
mais do que pagam. Precisamos resolver esse problema. Gostaria que todos tivessem
os mesmos níveis contributivos, e isso não significa que eu ache o atual
sistema é ruim, mas devemos fazer promessas que consigamos manter.”
Borgdorff também tratou do tema da
sustentabilidade - algo que PFZW (US$ 194,6 bilhões sob gestão) vem trabalhando
arduamente, com a proposta de quadruplicar os investimentos sustentáveis,
atingindo a cifra de €16 bilhões. “Uma boa pensão não vale nada num mundo
inseguro e poluído. Pretendemos utilizar o poder desse dinheiro para construir
um mundo melhor”, declarou.
IPE