Milhares de pensionistas de toda a Federação da Bósnia e
Herzegovina, que em sua maioria vivem à beira da pobreza, tomaram as ruas de
Sarajevo na quarta-feira para protestar pelo aumento das pensões e melhores
cuidados sociais e de saúde.
Dos 410 mil pensionistas residentes na região da Bósnia, cerca
de dois terços vivem com benefícios mínimos de 326 marcos (US$ 196) por mês, ao
passo que a pensão média é de 370 marcos em comparação a salários médios de 870
marcos.
Com cinco pensionistas para cada seis pessoas empregadas, o
governo, que ainda não apresentou uma proposta de reforma previdenciária, luta
para manter os pagamentos em dia. Alguns funcionários do fundo de pensão afirmam
que o sistema sobrevive graças ao reduzido valor dos benefícios, os mais baixos
da região dos Balcãs.
Os pensionistas, alguns carregando cartazes com os dizeres “Parem
a roubalheira” e “Nos devolva a dignidade”, pediam por um aumento de 10% nas
pensões, que não são reajustadas desde 2014.
“As pensões são baixas,
os medicamentos são caros e temos que pagar eletricidade, água, telefone”, afirma
Alosman Halic, da cidade de Lukavac, que trabalhou por 45 anos em troca de um
benefício de 326 marcos.
“Depois de pagarmos as
contas, não sobra absolutamente nada”, diz sua esposa Isura, acrescentando que o
casal não conseguiria sobreviver sem a ajuda dos filhos.
O desemprego entre os jovens é alto, girando em torno de 60%, o
que faz com que muitos deixem o país, que acabou empobrecido pela guerra de
1992-95 e é dividido por questões políticas e étnicas.
Na terça-feira, o governo apresentou uma minuta de legislação que
prevê um aumento de 10% para as pensões de algumas categorias de trabalhadores
e 5% para outras.
A lei agora precisa passar pelo parlamento, onde a aprovação das
leis é muitas vezes dificultada por disputas políticas.
A situação também é grave na República Sérvia, outra região
autônoma da Bósnia, onde o número de pessoas empregadas é quase igual ao de
aposentados. No início deste mês, o governo decidiu aumentar a pensão mínima
para 360 marcos.
Reuters