"LIBERDADES" GERAM DEBATE SOBRE FUNDOS LIFESTYLE
Cerca de £100 bilhões em poupança previdenciária estão investidos em fundos de pensão ultrapassados de acordo com o Which?, grupo britânico de proteção ao consumidor.

O alerta foi dado após a introdução das novas “liberdades previdenciárias” em abril do ano passado, movimento que resultou num afastamento generalizado das anuidades. Nos próximos anos, a expectativa é que essa tendência continue, com muitos poupadores optando por sacar os recursos ao invés de mantê-los investidos.

 

Na medida em que as anuidades se tornam menos populares, as atenções se voltam para o fato de os fundos lifestyle (estilo de vida) ou target-date (data-alvo) estarem obsoletos.

 

De acordo com o Which?, esses produtos, muito comuns nos planos de pensão corporativos, tornam-se cada vez mais dispensáveis.

 

Obsoletos

 

A forma como os fundos são desenhados leva à redução dos riscos da carteira do investidor à medida que ele se aproxima da data programada de aposentadoria.

 

Os participantes na faixa dos 20 anos, que estão apenas começando a poupar para a aposentadoria, tendem a ter a maioria - senão a totalidade - dos ativos investida em ações. O risco é então progressivamente reduzido ao longo dos 10-15 anos seguintes com a aproximação da data de aposentadoria. A concentração em ações diminui, ao passo que aumentam as exposições a títulos e moeda.

 

Os fundos mostram-se “ultrapassados” para aqueles que não desejam adquirir uma anuidade, opina Harry Rose, editor da revista publicada pelo grupo Which?. A organização tem insistido para que o regulador verifique a forma como os fundos de pensão têm informado os participantes a respeito da adequação de tais estratégias. O grupo estima que aproximadamente £100 bilhões estejam investidos em fundos “estilo de vida”.

 

“Fundos de pensão ultrapassados que utilizam estratégias de investimento lifestyle como opção padrão podem geram milhares de libras em prejuízos aos participantes.”

 

“Com as novas liberdades previdenciárias, muitas pessoas estão optando por não adquirir uma anuidade, e o uso desse tipo de estratégia de investimento pode significar a perda dos melhores anos de crescimento potencial dos ativos”, observa Rose. Como alternativa, os ativos poderiam ser exclusivamente investidos em ações, defende o grupo Which?.

 

O grupo de defesa do consumidor estima que uma poupança previdenciária de £200 mil pode render 18% a menos quando sujeita à estratégia lifestyle por 10 anos, deixando os poupadores com £76.250 a menos em comparação a investimentos exclusivos em ações.

 

Fundos “lifestyle” serviram bem aos investidores

 

Outros especialistas são mais cautelosos. Laith Khalaf, consultor sênior de investimentos da consultoria Hargreaves Lansdown, por exemplo, concorda que os fundos do tipo “estilo de vida” fazem parte do passado, tendo expirado o seu prazo de validade.

 

No entanto, Khalaf reconhece que esses fundos vêm servindo bem aos investidores nos últimos cinco anos, já que os títulos tiveram bom desempenho num ambiente de baixas taxas de juros.

 

 “Mas se as taxas de juros começarem a subir, poderemos ter um movimento inverso, com os investidores tendo que gerenciar perdas quando estiverem prestes a atingir a idade de aposentadoria”, acrescenta Khalaf.

 

“O grande problema dos fundos “lifestyle” é que eles são totalmente automatizados, e a maioria das pessoas provavelmente não sabe que está acontecendo com o seu fundo de pensão.”

 

 “Durante anos a indústria de fundos de pensão foi incapaz de envolver as pessoas no processo de investimento, preferindo, ao invés disso, que as decisões se deem por meio de estratégias padrão.”

 

“Eu temo que um dos efeitos dessa postura seja a atribuição de estratégias inapropriadas do tipo lifestyle a um elevado número de indivíduos”, conclui.

  


Money Observer
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