Nesta semana, Stephen Crabb acabou com as esperanças de milhares
de militantes - apesar de quase 200 mil mulheres terem assinado uma petição
contra os planos do governo recentemente anunciados de elevar fortemente as
idades de aposentadoria.
O novo Secretário
do Trabalho e Previdência chegou a declarar que as mulheres só foram
surpreendidas pela notícia porque “não estavam atentas ao que se passa ao seu
redor, deixando de considerar a situação como um todo”.
As mulheres
nascidas após abril de 1953 estão tendo sua idade de aposentadoria no sistema
público aumentada em até 18 meses como parte do plano de elevá-la para 66 anos
até 2020, igualando-a à idade masculina.
As mudanças
foram aprovadas em 2011, mas milhares de mulheres queixam-se da falta de aviso
prévio, “arruinando seu planejamento de aposentadoria”.
Parlamentares
realizaram intensos debates e o influente Comitê do Trabalho e Pensões afirmou
que as 2,6 milhões de mulheres afetadas deveriam poder se aposentar mais cedo.
No entanto,
Crabb, que substituiu Iain Duncan Smith, responsável pelo corte dos benefícios,
declarou à comissão que não haveria retrocessos. “É simplesmente impossível sob o ponto de vista fiscal”,
disse ele.
“Acho
irresponsável que algum membro da Câmara dos Deputados tente levar essas mulheres
a acreditar que trata-se de uma decisão fácil de ser tomada. Quem pagaria por
qualquer decisão de voltar atrás agora? Estaríamos pedindo aos jovens que
carreguem um fardo tributário ainda mais pesado.”
Ele
acrescentou: “Eu não vejo uma solução política viável para desfazer o mal às
mulheres afetadas. Não pretendo rever as decisões que foram tomadas na última
legislatura.”
A campanha “Mulheres
Contra a Desigualdade na Pensão Estatal” (WASPI) reagiu, escrevendo na rede
social Twitter: “Parece que @scrabbmp tomou uma decisão que afeta centenas de
milhares de mulheres sem consultar #WASPI. A luta continua.”
O Secretário
“sombra” do Trabalho e Previdência, Owen Smith, acrescentou: “Stephen Crabb tentou,
mais uma vez, bater a porta na cara das mulheres que foram tão seriamente prejudicadas
pelas reformas mal elaboradas do Partido Conservador”.
“Há uma
crescente pressão de todo o espectro político para que o governo dê ouvidos às
reivindicações do Partido Trabalhista para proteger os mais vulneráveis. O novo
secretário de Estado tenta lavar as mãos em relação ao assunto.”
Cerca de 2,6
milhões de mulheres nascidas na década de 50 deverão ser afetadas pelo aumento
da idade da aposentadoria de acordo com pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados.
Pelo menos 299 mil poderão estar sujeitas ao adiamento máximo de 18 meses da
data de aposentadoria; outros 1,8 milhão terão que esperar ainda mais tempo
para se aposentar, revela o levantamento.
O governo enviou
correspondência a todas as mulheres afetadas depois que as mudanças foram
aprovadas em 2011.
Crabb inflamou
o debate ao sugerir que as que foram pegas de surpresa não estariam atentas aos
acontecimentos à sua volta.
“Eu entendo
completamente as mulheres que foram surpreendidas pela mudança. Elas não
tiveram acesso a todas as informações necessárias”, disse ele. “Imagino que a
maioria das pessoas atravesse a vida sem pensar muito na sua renda de
aposentadoria. Então, a menos que receba uma carta muito específica que diga: “Cara
Sra. Jones, é assim que a sua idade de aposentadoria será afetada”, ela pode
não tomar ciência do que está acontecendo ao seu redor.”
Mais de 100 parlamentares
formaram um novo grupo para fazer campanha para as mulheres após as declarações
de Crabb.
Do Partido
Trabalhista, Andrew Gwynne, secretário do grupo, afirmou: “Não queremos culpar ninguém.
Queremos apenas obter o melhor desfecho possível para essas mulheres, muitas
das quais trabalharam duro e contribuíram para o sistema durante décadas.”
“Espero que o
novo Secretário do Trabalho e Previdência seja receptivo às nossas demandas e
que em breve tenhamos a resposta que as mulheres do WASPI merecem.”