FUNDOS AMERICANOS INVESTEM EM PE AFRICANA


Parece pouco provável que 110 mil funcionários públicos aposentados do Missouri estejam recebendo benefícios graças a consumidores africanos. Enquanto os próprios fundos de pensão da África ainda hesitam em investir nos fundos de PE do continente, as entidades americanas parecem decididas a fazê-lo.

Na medida em que os fundos de pensão ao redor do mundo lutam para arcar com suas obrigações, muitos têm buscado uma exposição maior às economias africanas, que vêm crescendo, em média, 5% ao ano. Alguns setores, principalmente aqueles que servem às classes médias em ascensão, têm um ritmo de crescimento muito maior, chegando a 20% anuais.

Nos últimos anos, o Missouri State Employee’s Retirement System (Mosers) - US$ 9,3 bi sob gestão -  tem aplicado em fundos de Private Equity na África administrados pela Actis, que investe no continente, América Latina e Ásia, e pela Development Partners International (DPI), que tem como foco exclusivo o continente africano. Ambas as gestoras fazem investimentos que visam tirar proveito do aumento dos gastos do mercado consumidor da região, seja de cuidados à saúde e educação, seja em shopping centers ou na expansão do fornecimento de energia.

Grandes fundos de pensão estadunidenses, como o New York State Common Retirement Fund (US$ 180 bi) e o Washington State Investment Board (US$ 107 bi) também vêm investindo na África.

“Tem havido muito interesse no continente africano nos últimos 18 a 24 meses”, diz Adiba Ighodaro, parceiro da Actis nos EUA, responsável por captar recursos do Mosers e do Washington State. “Nos EUA, os investidores têm tomado a dianteira nesses investimentos, enquanto em outras partes do mundo as coisas parecem estar acontecendo em ritmo mais lento.”

Ighodaro, que têm levado investidores americanos em viagens pelo continente, afirma que eles voltam com uma perspectiva totalmente diferente acerca do desenvolvimento da região. “O aumento do consumo e as oportunidades de investimento são praticamente tangíveis. Se você der uma volta de carro em algumas cidades, é possível ver claramente todas as oportunidades à disposição do investidor.”

O Mosers e um fundo corporativo europeu também investiram em outros dois fundos africanos da DPI, sendo que um deles, o segundo aberto para captação, fechou com US$ 724 milhões, 45% acima da meta. “Nesse caso, a grande maioria dos investidores é de fundos de pensão”, diz Runa Alam, CEO da gestora DPI. “A maior parte busca investir algo entre US$ 25 milhões e US$ 75 milhões. Quando as entidades previdenciária decidem apostar num novo fundo, isso gerar confiança tanto no fundo de investimento quanto no continente como um todo.”

O Private Equity africano angariou US$ 3,1 bilhões na primeira metade do ano. Até o final de 2015, a tendência é que sejam superadas as marcas alcançadas em 2013 (US$ 4 bilhões) e 2007 (US$ 4,7 bilhões), período anterior ao advento da crise financeira mundial.  Trata-se de apenas 1% dos fundos globais destinados ao PE, mas as gestoras já enxergam o futuro com otimismo. 



Financial Times
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