BENCHMARKS DÃO AO CONSUMIDOR UMA FALSA IMPRESSÃO DE BOM DESEMPENHO
Os benchmarks utilizados para medir o desempenho dos fundos de pensão e as taxas cobradas pelos gestores de fundos de investimento requerem maior escrutínio, sugere nova pesquisa da Universidade de Bath.

Em geral, os fundos de pensão que oferecem planos individuais superam seus benchmarks, mas o estudo mostra que isso não se deve à habilidade dos gestores de investimento, mas à seleção de benchmarks fáceis de superar.

A pesquisa junto a mais de 4.500 fundos de pensão pessoais que operam no Reino Unido intitulada “UK, Jumping over a low hurdle: Personal pension fund performance foi chefiada por Ania Zalewska - professora de finanças da Escola de Administração da Universidade e diretora do Centre for Governance and Regulation - e publicada na Revista Review of Quantitative Finance and Accounting.

A pesquisa também sugere o uso mais amplo de diferentes classes de ativos para gerar bons retornos. Uma estratégia passiva simples que consiste em investir 80% da carteira no benchmark FTSE e 20% num dos vários índices de ações de mercados emergentes permitiria que os fundos dedicados à renda variável do Reino Unido superassem seu benchmark em cerca de 3% ou 4%, 2% a mais que os retornos excedentes registrados.

Quando um novo fundo de pensão é criado, um benchmark primário (Primary Prospectus Benchmark - PPB) é escolhido e utilizado como referência para avaliar o seu desempenho. No entanto, permite-se que os investimentos do fundo sejam mais amplos do que o indicado em sua descrição oficial e benchmark escolhido. Logo, usar o benchmark prospecto para avaliar o sucesso do fundo pode dar uma falsa impressão acerca de seu desempenho.

Por exemplo, um fundo classificado como sendo de renda variável doméstica é de fato autorizado a investir até 20% dos ativos fora do segmento. No entanto, se o benchmark utilizado for 100% focado em ações (por exemplo, o FTSE All Share Index), o investidor que aplicar exclusivamente no índice de referência terá menos chance de gerar retornos ajustados a riscos do que o fundo que investe em classes de ativos mais amplas.

Zalewska afirmou: “Este estudo evidencia que os fundos de pensão vêm reportando seu desempenho em relação a benchmarks que não refletem verdadeiramente o seu perfil de investimento. Cria-se, assim, uma falsa impressão de habilidade de gestão para os consumidores que pagam taxas para terem fundos geridos ativamente.”

“Num ambiente de preocupação com questões regulatórias e provimento de benefícios na idade avançada, bem como de substituição em massa de planos BD por CD, que transferem as consequências da má performance para o participante, a pesquisa mostra-se de particular relevância.”

O estudo analisou uma ampla gama de estilos de investimento (renda fixa, renda variável nacional, ações estrangeiras e fundos de títulos e ações) entre 1980 e 2009. A discussão também gira em torno das diferenças entre o desempenho medido anualmente e durante todo o horizonte operacional dos fundos. 

A pesquisa mostra, ainda, que os fundos especializados em ações de mercados emergentes são, em média, mais rentáveis; em seguida vêm os fundos especializados em ações internacionais. O desempenho dos demais estilos de investimento é menos impressionante.

Segundo Zalewska, “Os resultados condizem com o argumento em prol da diversificação. Contudo, eles não oferecem uma a solução definitiva para a alocação dos ativos previdenciários. O nível de risco dos fundos de ações estrangeiras e de mercados emergentes pode ser muito maior do que o risco dos demais estilos de investimento. Tal exposição pode não ser a mais indicada para os participantes de planos. Os altos retornos obtidos pelos índices e fundos especializados em mercados emergentes devem ser vistos com cautela pelos investidores de longo prazo.” 



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