As taxas
excessivas aplicadas a produtos de aposentadoria estariam acabando com a
esperança de muitos cidadãos europeus de ter uma velhice financeiramente tranquila.
Segundo o Better Finance, grupo belga que defende
os interesses dos investidores, em muitos países europeus os produtos
previdenciários têm gerado retornos de longo prazo desanimadores e até mesmo
negativos a despeito do bom desempenho alcançado pelos mercados de ações e
títulos desde o ano 2000.
“É cada vez mais
óbvio que o principal culpado pelos retornos ruins gerados pelos produtos de
aposentadoria são as altas taxas e comissões cobradas”, avalia Guillaume
Prache, diretor-gerente do Better Finance.
Prache diz que
poupadores e supervisores têm pouca informação a respeito da verdadeira performance dos produtos previdenciários
após as taxas, impostos e inflação serem considerados.
A ausência de uma
análise objetiva acerca dos retornos obtidos após impostos em todos os países
da União Europeia indica que as agências reguladoras “não têm conhecimento do
real desempenho dos serviços que deveriam fiscalizar”, afirma Prache.
Em breve, o Better Finance pretende publicar uma
análise atualizada do mercado previdenciário europeu (15 países) com dados de
rentabilidade líquida desde o ano 2000.
O relatório
indica haver variações significativas no desempenho de produtos previdenciários
em diferentes países. Os fundos de pensão de nações como Dinamarca, Polônia e
Romênia estão entre os que têm apresentado performance
mais robusta desde 2000.
Por outro lado,
os fundos de pensão vêm registrando retornos anuais negativos em países como
Espanha (-0,62% entre 2000 e 2014), Bulgária (-0,77% nos planos baseados no
vínculo empregatício no mesmo período) e Letônia (-0,82% em fundos estatais
entre 2003 e 2014).
David Blake, diretor
do Pensions Institute da Cass Business School, em Londres,
declarou que gostaria de ver os fundos de pensão adotando um método padronizado
para reportar sua performance líquida.
“Mas esse método teria que abranger mais do que os custos visíveis, tais como
taxas e comissões. Há uma ampla gama de custos ocultos que correspondem a 80%
dos custos totais de cada fundo com gestão ativa. ”
O Better Finance também recomenda que os hedge funds e outros fundos de
investimentos alternativos sejam proibidos entre os produtos previdenciários
comercializados junto a investidores de varejo.
O instituto diz
que os reguladores deveriam levar adiante os planos de instituir um modelo
pan-europeu de plano de pensão pessoal simples e barato, disponível a quem se
interessasse sem que fosse necessário recorrer a um consultor financeiro.
Financial Times