O governo japonês está pedindo aos
investidores institucionais que divulguem registros detalhados dos votos realizados
em assembleias de acionistas na esperança de que o maior nível de transparência
venha a proteger os interesses dos clientes e demonstrar às empresas como elas
podem melhorar.
Recentemente,
a Agência de Serviços Financeiros divulgou uma versão revisada do Código de Administração
do Japão, um conjunto de princípios para investidores institucionais “responsáveis”
que entrará em vigor em junho, período em que muitas empresas realizam suas
assembleias anuais de acionistas.
Atualmente,
instituições como gestoras de ativos, fundos de pensão, seguradoras e trustes
só precisam “divulgar os registros de voto” como um todo, publicamente. A
partir de agora, diz o novo texto, “passará a ser obrigatória a divulgação
individual dos votos a cada empresa investida”. No que tange às assembleias realizadas
em junho, os registros deverão estar disponíveis até o final de novembro.
Essa
é a primeira revisão do código, que foi introduzido em 2014 e deve ser
atualizado a cada três anos. O seu cumprimento não é obrigatório. Contudo, os
signatários que optarem por não cumprir determinadas disposições deverão
explicar as razões para a recusa.
Informações
mais detalhadas a respeito das votações permitirão que os estrangeiros avaliem,
de forma mais fácil, se as instituições estão usando seu poder de acionistas
para “cobrar” das empresas, reduzindo, ainda, potenciais conflitos de
interesses. Além disso, a discussão poderá dar às companhias novas ideias sobre
como conduzir a gestão a fim de gerar valor.
O
código revisado visa submeter o processo de votação ao escrutínio externo. O
documento de 2014 ressaltava que “é importante que os investidores
institucionais gerenciem adequadamente os conflitos de interesse”, além de
conclamar as instituições a “divulgarem suas políticas a fim de lidar com esses
conflitos”.
A
nova versão vai mais longe, falando da obrigação das instituições de resguardarem
“os interesses de clientes e beneficiários”, divulgando políticas específicas
para eliminar os conflitos de interesse e ressaltando a necessidade por
estruturas de governança, como conselhos de administração ou comitês independentes, visando à tomada de decisões e à
supervisão do processo de votação.
Além
disso, pede-se aos que operam fundos gerenciados passivamente, como aqueles que
monitoram índices de ações, que se envolvam nas atividades das empresas, a
exemplo do que fazem os investidores mais ativos. Isso intensificaria a pressão
sobre as empresas com baixo desempenho para que façam melhorias, elevando os
preços das ações na bolsa.
Nikkei Asian Review