Além
de confiscar US$ 29,3 bilhões em poupança previdenciária, o governo fez uso das
participações significativas que os fundos detinham em inúmeras empresas para
indicar membros para os conselhos, aumentando consideravelmente o controle
estatal sobre o setor privado.
Embora nenhum dos candidatos de
oposição tenha proposto qualquer tipo de reversão da reforma, a administração Kirchner
não quer correr riscos. Tanto que na semana passada o governo aprovou uma lei
que dificulta ao máximo a venda dessas ações por futuros governos: daqui por
diante, serão necessários dois terços de votos a favor em ambas as casas
legislativas a fim de viabilizar tais transações.
Como os correligionários de Kirchner
devem manter sua influência no Congresso Nacional no futuro próximo, o bloco
tende a garantir o poder de veto sobre quaisquer vendas de ações, independente
de quem venha a ganhar as eleições no final deste mês.
O governo argentino também esboçou
uma legislação que limita os extraordinários poderes acumulados pela
presidência desde que o casal Kirchner chegou ao poder, em 2003. Mas não esperem
que Cristina venha a revelar seu Montesquieu interior. Sua administração já
sinalizou que o projeto só será aprovado caso um candidato da oposição ganhe as
eleições.
Sendo assim, embora Cristina tenha
apenas mais alguns meses no poder, seu modelo econômico tende a se perpetuar.