Apenas
um em cada vinte planos de pensão europeus tomou medidas para combater os
riscos de mudanças climáticas apesar dos alertas crescentes de que o
aquecimento global representa uma séria ameaça aos retornos dos investimentos.
Desde o acordo para combater o
aquecimento global, assinado por mais de 190 países, em Paris, no final de 2015,
a pressão sobre os investidores institucionais tem aumentado para que eles
protejam suas carteiras das mudanças climáticas.
Entretanto, após reunir informações
de 1.241 investidores institucionais em 13 países, com ativos sob gestão da
ordem de € 1,1 trilhão, a consultoria Mercer concluiu que apenas 5% dos planos
de previdência europeus consideram os riscos de investimento trazidos pelas
mudanças climáticas.
“É irônico que as respostas a esse
enorme problema sejam, por assim dizer, glaciais. As descobertas destacam a
necessidade urgente de o setor previdenciário fazer mais”, diz Phil Edwards,
diretor global de pesquisa estratégica da Mercer.
Em 2015, Mark Carney, que comanda o
Banco da Inglaterra, emitiu uma comunicado alertando que os investidores
enfrentavam perdas “potencialmente significativas”, já que as medidas para
amenizar as mudanças climáticas poderiam fazer com que grandes reservas de
petróleo, carvão e gás se tornassem “inexploráveis”.
Carney reiterou sua preocupação em
2016, e neste mês o Banco da Inglaterra anunciou que investigaria a exposição
dos bancos às mudanças climáticas - a primeira vez que um regulador tentará
avaliar os riscos trazidos pelo aquecimento global ao setor bancário.
Edwards acrescenta que os
reguladores têm deixado cada vez mais claro caber aos proprietários de ativos,
como os planos de pensão, considerar todos os riscos que possam ser financeiramente
relevantes, incluindo-se aí os riscos de mudanças climáticas.
Luke Hildyard, diretor de políticas
da PLSA, associação que representa 1.300 fundos de pensão no Reino Unido, com
ativos combinados de £1 trilhão, afirmou ser equivocado assumir que os conselheiros
previdenciários, responsáveis pelos investimentos, estariam pouco se
importando com a ameaça trazida pelas mudanças climáticas.
“Os reguladores precisam fazer mais
para incentivar os conselheiros a implementar medidas efetivas de risco de
mudanças climáticas”, disse Hildyard.
A pressão dos sindicatos por uma
ação mais rápida só aumenta. O Unison, que representa 1,3 milhões de trabalhadores
do setor público do Reino Unido, por exemplo, aprovou uma moção, durante sua conferência
anual realizada na semana passada em Brighton, pedindo que os planos de pensão
de governos locais retirassem £14 bilhões de investimentos de empresas de combustíveis
fósseis nos próximos cinco anos.
“Os investimentos em combustíveis
fósseis não são apenas prejudiciais ao meio ambiente; eles colocam em risco o
futuro sustentável de nossas pensões”, disse Stephen Smellie, coordenador-adjunto
do Unison na Escócia.
Financial Times