Os
fundos de pensão privados de adesão obrigatória da Hungria podem ser extintos
até o final deste ano caso seja aprovada uma nova medida do governo que exige altos
níveis de filiação ativa, disse, à Reuters, a maior operadora de fundos do
país.
O
governo já vem fazendo uso dos planos privados desde 2010 via o saque de cerca
de 360 bilhões de florins (0,96 bilhões de libras) anuais, em média, para
reduzir o déficit estatal.
“Na prática, a modificação da lei da
previdência privada significa que todos os fundos de pensão em operação na
Hungria terão que fechar”, informou à Reuters, na última segunda-feira, um
executivo do fundo de pensão Horizont.
Não é a
primeira vez que o governo do Primeiro Ministro Viktor Orban entra em conflito
como lobistas e União Europeia no que diz respeito à imposição inesperada de impostos,
mudanças constitucionais e uma lei de imprensa cada vez mais severa.
Na
sexta-feira (21), o governo anunciou que os planos de pensão que não
comprovarem que pelo menos 70% de seus participantes vêm contribuindo
mensalmente nos últimos seis meses terão que fechar. A lei pode entrar em vigor
em primeiro de janeiro.
Os
fundos de pensão de filiação obrigatória, que operam em conjunto com o sistema
previdenciário estatal e planos individuais voluntários, tiveram um papel
central na reforma realizada em 1997 para reduzir os gastos do Estado.
Mas o
governo de Orban foi além, tendo nacionalizado mais de 90% dos ativos, que
totalizam aproximadamente $12 bilhões. Os participantes tinham a opção de
declarar explicitamente que pretendiam manter os ativos dentro dos fundos, mas
poucos o fizeram.
Em geral,
apenas 10% dos participantes contribuem mensalmente para os fundos de pensão de
natureza obrigatória. “Os legisladores sabem que nenhum dos fundos em operação
atualmente satisfazem esse critério”, afirmou o Horizont.
Segundo
o fundo de pensão, uma pesquisa demonstra que 95% dos participantes que optaram
pela manutenção das contas individuais estariam satisfeitos com a decisão e que
não escolheriam a volta do Estado como gestor da poupança de aposentadoria.
“Essas pessoas são forçadas a retornar ao sistema estatal e suas riquezas são
incorporadas ao orçamento público”, disse o representante do Horizont. “Tudo isso tem como base uma
lei retrógrada, impossível de ser cumprida.”
O Horizont declara que os quatro fundos de adesão obrigatória em
operação possuem cerca de 200 bilhões de florins em ativos que agora poderão ir
para o Estado. O governo, por sua vez, alega que a intenção é fazer com que
todos os cidadãos possuam cobertura previdenciária. Nos últimos anos, apenas
cerca de 60 mil pessoas (de um total de 10 milhões de húngaros) mantiveram-se
nos fundos privados e nem todos contribuíram ativamente.
Reuters