Lidar com a discriminação por idade - incluindo a aposentadoria
compulsória - poderia trazer benefícios não apenas aos idosos, defende Peter
Sousa, da Comissão Previdenciária.
Em palestra sobre discriminação etária no Bermuda College, Sousa sugeriu que ao
invés de manter a idade de aposentadoria em 65 anos, o governo deveria elaborar
uma estratégia para que os trabalhadores do país permaneçam no mercado de
trabalho por mais tempo, ajudando a financiar o sistema previdenciário.
Após
enfatizar que não falava em nome da Comissão Previdenciária, Sousa afirmou:
“Inúmeros países estão se afastando da idade limite de 65 anos, penso eu que
por razões financeiras. O adiamento da aposentadoria ajuda a melhorar a
solvência dos planos de pensão que, em muitos casos, encontram-se
deficitários.”
“Todos
nós lemos notícias falando sobre a situação dos nossos planos de pensão e essa
é uma forma de aliviá-los financeiramente. Entretanto, não é algo que se faz do
dia para noite. Acredito que deveríamos avaliar a questão financeira que é, a
meu ver, mais relevante do que a questão da discriminação etária.”
Sousa argumentou
que a possibilidade de os funcionários públicos permanecerem por mais tempo na
ativa aumentaria o volume de recursos vertidos aos fundos de pensão,
diminuindo, ao mesmo tempo, o período em que esses trabalhadores recebem
benefícios.
Os
participantes do seminário também foram informados de que a Lei dos Direitos
Humanos proíbe a discriminação baseada em idade em se tratando do provimento de
bens e serviços, mas deixa a desejar quando o assunto é proteção contra a
discriminação no ambiente de trabalho.
Ben
Adamson, advogado do escritório Conyers
Dill & Pearman, disse que a situação é “incomum e um pouco ilógica”,
acrescentando: “Não dá para entender como a discriminação baseada em gênero é
permitida em algumas áreas e em outras não. Temos uma lei que permite a
discriminação no emprego”.
Ele
salientou haver uma distinção legal entre idade e os seus efeitos, ou seja, há
uma diferença entre a discriminação contra alguém estritamente em função de sua
idade e a discriminação ocasionada pela incapacidade de realizar um trabalho
adequadamente devido à idade.
“Se você
discriminar alguém por ser velho, presumindo que essa pessoa não conseguirá
realizar uma tarefa que lhe foi dada, como levantar peso por exemplo, isso é
discriminação”, diz o advogado.
Bert
McPhee, que pratica Medicina aos 90 anos, argumentou que embora todos
envelheçam, o impacto da idade difere de uma pessoa para outra. “O
envelhecimento é individual. O idoso típico não existe.”
The Royal Gazzette