Instituto Previdenciário afirma
que as taxas cobradas não são transparentes o suficiente para revelar, de fato,
todos os custos ocultos da gestão ativa
Os asset managers devem ter a obrigação de revelar
todos os custos relacionados à gestão das carteiras de forma a permitir que os
investidores entendam como esses custos afetam os retornos dos investimentos.
Esse é o principal ponto abordado pelo estudo ‘On the Disclosure of the
Costs of Investment Management’ publicado pelo Instituto Previdenciário (Pensions Institute) da Cass Business School.
O
relatório cita pesquisa segundo a qual até 85% dos custos de transação de um determinado
fundo podem ser omitidos. Tais custos podem estar associados a spreads de compra e venda, transações em
fundos subjacentes ou tratar-se de custos não financeiros relacionados à gestão
ativa da carteira do investidor.
Os
custos ‘visíveis’, que correspondem a apenas 15% do total, incluem comissões,
impostos e despesas com a custódia dos ativos.
“Ainda
não foram dadas razões suficientes para justificar a ausência de total
transparência de custos na gestão dos investimentos”, afirma David Blake,
diretor do Pensions Institute e autor
do relatório. “A magnitude dos custos indiretos depende das classes de ativos
envolvidas, bem como da maneira como os ativos são geridos, embora eles possam
ser consideráveis até mesmo em casos de gestão passiva”, acrescenta Blake.
O
relatório rejeita o modelo OCF (Ongoing
Charges Figure) amplamente defendido pela Associação de Gestão de
Investimentos (Investment Management
Association - IMA) sob a alegação de que as novas informações incorporadas
pelo OCF permitem a omissão de diversos ônus, como os custos indiretos de
transação pagos pelo investidor via retornos líquidos mais baixos.
Blake argumenta
que todos os custos, sem exceção, devem ser divulgados na forma de uma taxa de
custo a ser deduzida da taxa de retorno bruta a fim de que se produzisse uma
taxa de retorno líquida. Outra opção é o cálculo de um valor monetário tendo-se
como base a carteira do investidor. Esse modelo incluiria estimativas para os
custos não monetários derivados do impacto mercadológico, vazamento de
informações, exposição ao mercado, oportunidades perdidas de negócios e
atrasos, uma vez que as gestoras de investimento possuem sistemas de TI adequados
para tal.
O
relatório também recomenda que o governo britânico dê inicio a uma investigação
sobre os custos não monetários dentro de um período pré-determinado. As soluções
apontadas seriam submetidas a uma análise de custo beneficio ao final desse
período.
A IMA tem
defendido o OCF como sendo uma alternativa mais avançada em relação à Taxa
Anual de Gestão (Annual management charge
- AMC) sob a justificativa de que o OCF seria apenas o primeiro passo de um
processo composto por quatro estágios que visa lidar com a falta de
transparência na indústria.
O
segundo estágio seria a divulgação de valores monetários por unidade, o
terceiro consistiria na análise mais profunda da contabilização dos custos
indiretos, gerando padrões consistentes para a indústria, e o quarto incluiria a
revisão constante dos códigos de divulgação de informações.
Daniel
Godfrey, CEO da IMA, afirmou que os três estágios iniciais serão baseados em
dados históricos. Em outras palavras,
deverão abranger os gastos incorridos até o momento, que precisarão ser
devidamente explicados. “A IMA já
implementou um programa, em conjunto com o governo e reguladores, que tem por
objetivo aprimorar a transparência. Embora o nosso trabalho tenha como foco os
fundos de investimento, ele poderia ser utilizado, também, no contexto
previdenciário”.
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