De acordo com um estudo conduzido
pela Federação Internacional dos Trabalhadores dos Transportes (International Transport Workers’ Federation
- ITF), os fundos de pensão do Reino
Unido deixam a desejam em relação aos seus pares europeus quando o assunto é
política de investimento responsável com enfoque em direitos trabalhistas.
O estudo foi motivado, em parte, pela preocupação do sindicato
de que embora avanços tenham sido obtidos no que diz respeito à consideração de
fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) pelos investidores
institucionais, questões sociais ainda são frequentemente ignoradas.
O estudo
revisou as políticas de investimentos responsáveis dos 100 maiores fundos de
pensão e prestadores de serviços europeus.
Quase dois
terços (63%) da amostra - incluindo fundos da Holanda, Suécia e Dinamarca - afirmaram
se pautar por padrões internacionais, tais como as convenções da Organização Internacional
do Trabalho e do Pacto Global da ONU, inclusive em relação a direitos
trabalhistas.
O Reino Unido é
claramente um ponto fora da curva, diz o estudo. Dois terços dos fundos do país
não são orientados por normas internacionais, o equivalente a 78% dos ativos (€
684 bi).
Segundo a ITF,
a descoberta é significativa porque o Reino Unido possui a maior piscina de
ativos previdenciários da Europa e, ao contrário de seus vizinhos, não prevê a
participação de representantes dos trabalhadores nos conselhos das entidades.
“Nem a
estrutura de governança das empresas públicas nem os veículos de poupança de
aposentadoria preveem um papel a ser desempenhado pelos trabalhadores para que eles
possam defender formalmente os seus direitos”, revela o estudo.
O levantamento diz
ser “totalmente possível que os fundos de pensão adotem políticas que promovam
os direitos dos trabalhadores, e que as políticas existentes são moldadas pela
cultura política e social do país em detrimento do dever fiduciário ou da regulação
dos fundos de pensão e investimentos”.
A ITF afirma estar
trabalhando com outros stakeholders do
movimento operário para desenvolver ideias sobre uma política modelo voltada a
questões trabalhistas para os fundos de pensão. A Federação também declarou que
poderia ajudar a melhorar as políticas trabalhistas no âmbito dos fundos de
pensão ao compartilhar com as entidades mais informações sobre as empresas.
O fundo de
pensão dinamarquês PensionDanmark
reuniu-se recentemente com dois dos maiores sindicatos do Reino Unido para
tratar de alegações sobre baixos salários em duas plantas de geração de energia
a partir da biomassa que têm fundos de pensão entre seus investidores.
O presidente da
ITF, Paddy Crumlin, falou sobre ética e moral: “o dinheiro dos fundos de pensão
é resultado do trabalho árduo e negociações trabalhistas, uma forma alternativa
de compensação a qual os trabalhadores recorrem para garantir uma aposentadoria
digna e decente. Esses recursos devem ser tratados de forma a respeitar a sua
principal fonte, ou seja, o próprio trabalhador”.
IPE