Políticos britânicos têm trabalhado
para que regras de governança corporativa sejam estendidas aos conselhos de
grandes fundos de pensão e empresas privadas.
No início da semana, o Comitê de
Trabalho e Previdência (Work and Pensions
Committee) - colegiado formado por onze deputados do Reino Unido - publicou
uma série de recomendações em resposta a uma consulta do governo sobre padrões
de governança corporativa.
O comitê vem conduzindo
separadamente um inquérito sobre o fundo de pensão da empresa British Homes Stores (BHS), que está
sendo avaliado a fim de que possa contar com a assistência do esquema
garantidor Pension Protection Fund
(PPF) após a patrocinadora ter decretado falência no ano passado. Em sua mais
recente avaliação, o plano encontrava-se em situação severa de déficit. A
agência de supervisão, The Pensions
Regulator (TPR) está tentando garantir contribuições de Sir Philip Green,
antigo proprietário da BHS, que vendeu a empresa em 2015.
Frank Field, presidente do comitê, afirmou
que o colapso da BHS e seus problemas previdenciários foram resultado de “grandes
falhas de governança corporativa”.
“Será que a história teria sido a
mesma se os diretores da empresa tivessem que ser transparentes em relação a
decisões financeiras que afetariam o futuro?”, acrescentou. “As finanças e os
líderes de uma corporação como essa, com tantas pessoas que dependem dela, deveriam
estar sujeitos ao escrutínio público.”
Em outubro, a ministra Margot James deu
força às preocupações da comissão de que haveria “fraquezas aparentes na
governança corporativa das empresas envolvidas”.
Em resposta à consulta do governo
sobre governança corporativa, o comitê pediu que os conselheiros de planos de
pensão ficassem sujeitos à Lei de Companhias de 2006, atualmente aplicável
somente a membros da diretoria executiva. A legislação em questão estabelece as
funções dos diretores e define a quem eles devem dar satisfação sobre seus
atos.
A comissão declarou: “A renda de
aposentadoria dos participantes de planos de pensão depende do sucesso
sustentável da empresa patrocinadora, mas os ex- empregados, em especial, correm
o risco de serem negligenciados no processo decisório das empresas. As medidas
que recomendamos podem aumentar as chances de os diretores levarem em
consideração os interesses dos pensionistas ao desempenharem as suas funções;
aqueles que não o fizerem serão responsabilizados judicialmente”.
Os parlamentares também querem que a
aplicabilidade do código de governança corporativa em vigor no Reino Unido para
as empresas listadas seja estendida às “grandes corporações privadas, bem como
àquelas com mais de 5.000 participantes de planos de pensão de Benefício
Definido”.
O Arcadia, conglomerado de propriedade
de Sir Philip Green, também possui um déficit “substancial” em seu fundo de
pensão BD, revelou a comissão.
“Temos pressionado os diretores e conselheiros
dos planos de aposentadorias do Arcadia para que forneçam informações
detalhadas sobre os programas, mas muito pouco é publicado e tanto a empresa quanto
os conselheiros se recusam a falar”, acrescentou. “Não é possível que até mesmo
informações básicas, como o cronograma de contribuições patronais e a duração
do plano de recuperação de déficits, não sejam de domínio público”.
Se o Arcadia, assim como a BHS, decretasse
falência, outros planos de pensão BD - que pagam taxas para financiar o esquema
garantidor PPF - e pensionistas acabariam pagando a conta, disseram os
deputados.
No final do ano passado, o Comitê de
Trabalho e Previdência publicou um importante relatório recomendando uma série
de mudanças nos regulamentos de planos BD, as quais foram ocasionadas, em
parte, pelo trabalho do colegiado junto ao plano de pensão do BHS e ao British Steel Pension Scheme.
IPE