Os fundos de pensão holandeses precisam se preparar para o
aumento da longevidade, “possivelmente para patamares superiores aos 120 anos”,
em decorrência dos avanços da Medicina, advoga o fundo dos servidores públicos
do país, o ABP.
Ao comentar sobre diversas tendências que deverão afetar a
indústria nos próximos anos, o ABP afirmou que os fundos de pensão devem buscar
formas de distribuir, de maneira uniforme, os efeitos da longevidade por
diferentes gerações.
O fundo de pensão com €334 bilhões de ativos sob gestão também
salienta a crescente importância dos investimentos socialmente responsáveis e
disse estar convencido de que a inclusão de fatores ambientais, sociais e de
governança (ESG) nos investimentos ajuda a aprimorar os resultados.
“Levar em conta os
fatores ESG ajudará a aumentar a transparência dos investimentos tanto sob o
ponto de vista dos fundos quanto das empresas investidas. Como resultado, os
investimentos tendem a se tornar menos complexos e mais sustentáveis”, declarou
o fundo.
O ABP também comentou a demanda cada vez maior por informações
customizadas por parte dos trabalhadores holandeses, informações essas advindas
tanto dos fundos de pensão quanto dos empregadores. A entidade acrescenta,
ainda, que o crescente enfoque na redução de custos - especialmente em se tratando de gestores de
ativos - vem sendo facilitado pelo aumento da transparência.
Como consequência, os fundos de pensão vêm retirando
investimentos de classes de ativos muito onerosas como hedge funds e private equity,
disse o ABP, salientando que veículos de poupança previdenciária de baixo custo
vêm se tornando cada vez mais frequentes e que os planos tendem a ficar mais
simples e uniformes.
O maior fundo de pensão da Holanda também chama a atenção para o
aumento do individualismo na sociedade que, associado ao envelhecimento da
população, vem colocando cada vez mais pressão sobre os já frágeis princípios
da coletividade e solidariedade, e que a busca por maior liberdade no processo
de acúmulo de poupança vem ganhando força.
Entretanto, o fundo argumenta que campanhas bem elaboradas que
conscientizem a população das vantagens da coletividade e solidariedade
poderiam reverter essa tendência. A gestão aprimorada dos dados de cada
participante, por sua vez, poderia ajudar no desenho de produtos
previdenciários customizados.
O ABP espera que o governo reduza os impostos sobre a poupança
previdenciária, facilitando, assim, o acúmulo de ativos pelos participantes e
acelerando o desenvolvimento de produtos de Contribuição Definida.
O plano de pensão dos funcionários públicos, que possui 2,8
milhões de participantes, ressalta que os fundos de pensão também devem se
preparar para o aumento da flexibilidade no mercado de trabalho, incluindo-se
aí maior rotatividade e número de profissionais autônomos.
O ABP afirma que o envelhecimento da população pode vir a exigir
um mix de investimentos cada vez mais
defensivo, com retornos mais baixos, e que a maior mobilidade do capital poderá
dirimir os benefícios da diversificação.
A consolidação dos
fundos de pensão holandeses deve continuar, particularmente no âmbito dos
planos corporativos, ao passo que o corte de despesas e o aumento da idade oficial
de aposentadoria tende a aumentar a uniformização dos programas, diz o fundo.
“Pode ser que não haja mais de 100 fundos de pensão em operação na Holanda até
2020.”
IPE