Os planos de pensão de Benefício Definido
vivenciaram uma reviravolta do destino em anos recentes graças à recuperação
dos mercados acionários. Agora, as empresas patrocinadoras querem ‘engaiolar’
os gigantes.
Chief
Financial Officers de empresas patrocinadoras passaram inúmeras
noites em claro nos últimos anos. Em 2006, o Pension Protection Act e as novas regras emanadas pelo Financial Accounting Standards Board (Conselho
de Padrões de Contabilidade Financeira) elevaram os níveis de riscos para os
fundos que não estivessem 100% fundeados. Veio então a queda do valor das ações
e das taxas de juros, causando a diminuição do volume de ativos, o aumento das
obrigações previdenciárias, e a explosão dos déficits. Após o colapso do Lehman Brothers em 2008, muitas
corporações tiveram que fazer aportes em seus planos de pensão de forma a
cumprir com as exigências mínimas de fundeamento, prejudicando, assim as suas
margens de lucro.
Desde então, a forte elevação dos retornos do
mercado acionário superou as metas atuariais, fazendo com que o nível dos
ativos se recuperasse. De acordo com a UBS
Global Asset Management, o nível de fundeamento dos planos corporativos
tradicionais americanos saiu de 70% em 2011 para 95% no final de 2013.
Atualmente, muitos dos fundos antes deficitários encontram-se plenamente
fundeados ou até mesmo superavitários.
Por medo de que a história se repita, alguns
CFOs estão fazendo uso de sua influência para promover a redução dos riscos e
convencer os gestores de planos BD a migrar de carteiras tradicionais para
estratégias de ALM. Os investimentos voltados para a cobertura do passivo (liability driven investments - LDI) procuram
se assemelhar o máximo possível ao perfil das obrigações dos planos. Isso implica,
normalmente, no distanciamento do mercado acionário e aproximação dos papéis com
lastro em renda fixa e maturação muito longa.
Mas o que aconteceria se as taxas de juros
realmente subirem? O valor dos ativos de renda fixa irá cair; contudo, se os ativos
e passivos estiverem devidamente calibrados, o valor das obrigações também cairá.
O ‘casamento’ nunca será perfeito, mas a renda fixa pode servir como uma boa
prévia do movimento de preços, dado que ativos e passivos encontram-se intimamente
associados às taxas de juros.
A opção pelos LDI pode acarretar no não
aproveitamento de boas oportunidades de investimento caso o preço das ações
continue a subir. Entretanto, muitos CFOs preferem ter um pássaro na mão. A
perspectiva de manter o plano bem fundeado e evitar noites em claro em
decorrência da alta volatilidade traz um apelo a mais para as estratégias LDI.
Os CFOs não costumam ser recompensados pela busca de superávit. Diferente do
que acontece quando o plano apresenta déficit e o patrocinador é obrigado a contribuir,
ele não tem acesso ao excesso de fundeamento. Considerando os eventos dos
últimos anos, não surpreende que alguns desses executivos se preocupem apenas
em ter uma boa noite de sono e dedicação exclusiva ao core business da empresa.
Forbes