O governo
vai criar uma comissão responsável pelas mudanças, informou o ministro da
Fazenda, Alfredo Thorne, no Fórum Andino de Finanças e Investimento realizado
em Lima
O governo peruano procura maneiras de reformar o sistema previdenciário
do país poucos meses após a edição de novas leis que impactaram os planos de
aposentadoria.
Durante uma palestra no Fórum Andino de Finanças e
Investimento, realizado em Lima, o ministro da Fazenda e Economia, Alfredo
Thorne, disse que em breve o governo anunciará a composição de uma comissão
encarregada dos estudos que resultarão em mudanças no sistema.
“À medida que avançamos, torna-se cada vez mais clara a
necessidade de reformarmos todo o sistema”, disse Thorne. “Desejamos fazê-lo
dentro do maior consenso possível”.
Recentemente, o poder legislativo aprovou duas leis que
trouxeram mudanças para o sistema previdenciário. A primeira, de dezembro,
permitiu que os peruanos sacassem, no ato da aposentadoria, 95,5% dos recursos
acumulados no sistema de previdência privada. Uma segunda lei, aprovada em junho,
possibilitou que os trabalhadores fizessem uso de 25% de suas reservas para
contratar uma hipoteca ou pagar empréstimos visando à aquisição da casa
própria.
Na ocasião, o banco central disse que US$ 4,38 bi poderiam
ser retirados dos fundos de pensão até meados de junho de 2017.
Thorne afirmou que o governo pretende compor a comissão
com técnicos e políticos e que qualquer anúncio formal do grupo virá após o
Congresso votar, a pedido do presidente Pedro Pablo Kuczynski, a concessão de
poderes especiais para que o governo delibere por meio de decreto, durante 120
dias, sobre questões-chave para a economia.
Atualmente, apenas 2,5 milhões de trabalhadores - de uma
força de trabalho composta por 16 milhões de indivíduos - participam do sistema
de aposentadoria, disse Thorne.
“Só teremos um sistema previdenciário digno se
resolvermos esse problema”, acrescenta o ministro. “Precisamos desenhar um novo
o sistema com a ajuda do governo e do setor privado.”
O Chile, que é vizinho do Peru, vem enfrentando problemas
com seu sistema previdenciário. No mês passado, ocorreram inúmeros protestos
contra o sistema previdenciário chileno.
“Vejo alguns aspectos positivos no sistema chileno,
embora outros sejam negativos”, opina Thorne. “Se planejamos ter um bom sistema
pelos próximos 20 anos, é melhor fazermos a coisa certa.”
Programa de isenção
fiscal
Na tentativa de estimular os investimentos domésticos, o Peru
pode vir a replicar o programa de isenção fiscal do Chile, acrescentou Thorne. Recentemente,
o presidente Pedro Pablo Kuczynski pediu ao Congresso que conceda poderes
legislativos que, se aprovados, permitiriam ao executivo governar por decreto
durante 120 dias, deliberando a respeito de questões econômicas.
O plano possibilitará que o governo reduza impostos e
fomente os investimentos em infraestrutura, entre outras medidas. Dentre as
propostas está ainda uma possível anistia fiscal aos titulares peruanos de
ativos offshore não declarados.
Alguns países da região, incluindo Argentina, Brasil e
Chile, já lançaram programas similares na esperança de reduzir déficits
orçamentários ou estimular investimentos.
Thorne afirmou que o governo buscará replicar o programa
de anistia fiscal do Chile, que no ano passado arrecadou US$ 1,5 bilhão, cerca
de 10 vezes o montante inicialmente previsto.
“O que temos em mente é muito semelhante ao que o Chile
fez”, disse Thorne.
Ainda não se sabe quando o congresso votará o pacote de
medidas que dará mais poder ao executivo.
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