A
fabricante de aviões Boeing anunciou na quinta-feira, dia 06/03, que a partir
de 2016 congelará o plano BD de todos os empregados assalariados não
sindicalizados (aproximadamente 68 mil), incluindo gerentes e executivos. A Boeing
substituirá o plano de pensão em vigor por um novo programa de contas
individuais CD que receberá aportes anuais da companhia.
Com
a mudança, quem permanecer na empresa após 2015 não terá mais direito a um
benefício BD ao se aposentar, mas a uma renda de valor fixo condicionado ao
tempo de serviço transcorrido até a data de 31 de dezembro de 2015. Além disso,
o funcionário passará a contribuir para uma conta CD em seu nome, cujo saldo dependerá
do desempenho do mercado entre 2016 e a data de aposentadoria.
Tony
Parasida, vice-presidente de Recursos Humanos da Boeing, afirma que o objetivo
da manobra é ‘garantir a competitividade da empresa por meio da redução do acelerado
e insustentável ritmo de crescimento de suas obrigações previdenciárias’. A Boeing
depositou pouco mais de US$10 bilhões em seu fundo de pensão nos últimos quatro
anos.
Apesar
da mudança, Parasida garante que os funcionários da Boeing continuarão tendo um
‘benefício de aposentadoria atrativo, dentre os melhores do mercado’. Medida
similar já havia sido tomada em 2009, quando os planos BD foram fechados a novos
entrantes não sindicalizados.
Diversos
sindicatos ligados à Boeing já assinaram acordos parecidos, incluindo a
Associação Internacional de Maquinistas (International
Association of Machinists - IAM). Dessa forma, apenas os membros do
sindicato dos trabalhadores de ‘colarinho branco’ (Society of Professional Engineering Employees in Aerospace - SPEEA)
mantêm-se como ‘o último grande grupo de empregados’ a possuir um plano de
pensão tradicional.
Nas
negociações com a Boeing ocorridas no ano passado, a SPEEA aceitou que os novos
contratados fossem transferidos para o plano de Contribuição Definida, embora
tenha exigido a manutenção do programa atual para os empregados antigos.
Entretanto, a expectativa é que a empresa tente acabar com o privilégio durante
as novas conversas marcadas para 2016. “Caberá aos participantes decidir o
quanto desejam brigar para manter o plano BD, supondo que isso seja estrategicamente
possível”, disse o diretor-executivo da SPEEA, Ray Goforth.
Os
funcionários assalariados da Boeing não serão obrigados a contribuir para o novo
plano CD que substituirá o BD tradicional. A empresa fará aportes regulares nas
datas de pagamento durante um período de transição, fixado em três anos.
A
companhia pagará 9% do salário individual do empregado em 2016, 8% em 2017 e 7%
em 2018. Nos anos seguintes, os aportes da patrocinadora irão variar entre 3% e
5% da renda do indivíduo, dependendo de sua idade. As contribuições tendem a
ser mais altas (dentro dos limites estabelecidos) à medida que o funcionário se
aproxima da aposentadoria.
Com
a mudança, além da Previdência Social, os atuais empregados passarão a contar
com uma renda de aposentadoria formada por três componentes:
- O valor
acumulado no plano de pensão tradicional antes de 2016, que estará disponível
no ato da aposentadoria e cujo pagamento será feito em parcelas fixas mensais.
- O atual plano
401(k) da Boeing, conhecido como Voluntary
Investment Plan, que receberá aportes da empresa da ordem de 6% do salário
do participante.
- O novo plano de
aposentadoria fundeado exclusivamente por contribuições da patrocinadora.
- Os aposentados
que já recebem benefícios não serão afetados pelas mudanças.
Em
pronunciamento após a divulgação dos resultados da Boeing em janeiro, o CEO da
companhia, Jim McNerney, afirmou que lidar com a questão da aposentadoria de
forma justa e igualitária era uma de suas preocupações. A pensão BD de McNerney,
que totaliza mais de US$3,6 milhões ao ano, também será congelada no final de
2015. Contudo, o executivo completará 65 anos em agosto, podendo se aposentar
antes que isso venha a acontecer.
Seattle Times