Com
centenas de milhares de pequenas empresas obrigadas a oferecer, a partir deste
ano, planos de pensão ao seus funcionários, a CEO do National Employment Savings Trust (NEST), fundo de pensão apoiado
pelo governo, afirma que a organização está pronta para enfrentar o desafio.
“Temos
um grande desafio pela frente", declarou Helen Dean, CEO recém-nomeada do
NEST, em entrevista ao jornal Financial
Times. “Não acredito que teremos problemas.”
Desde
2012, o NEST conquistou 2,6 milhões dos 5,5 milhões de trabalhadores inscritos
automaticamente em planos de pensão providos pelo empregador. O NEST se prepara
para que esse número chegue a 3,5 milhões à medida que avança que o programa do
governo para estimular a poupança previdenciária.
A
partir deste mês, a inscrição automática afetará milhões de empregadores de
pequeno e médio porte - incluindo as famílias que contratam babás, cuidadores e
faxineiros. No entanto, de acordo com pesquisa realizada pela Federação das
Pequenas Empresas, quase metade dos pequenos empregadores do Reino Unido ainda
tem dúvidas sobre o que fazer para cumprir com suas novas obrigações, incluindo
prazos e custos.
Na
semana passada, o ente supervisor, Pensions
Regulator, manifestou preocupação com uma minoria de empregadores de
pequeno porte que estariam deixando para a última hora as providencias
necessárias à efetivação da inscrição automática de seus funcionários.
O
NEST, que não tem fins lucrativos, foi criado pelo governo para assumir a
gestão dos benefícios previdenciários de empregadores que estivessem fora da
esfera de interesse de outros provedores privados, já que a gestão da poupança dos
trabalhadores de renda mais baixa tende a ser, em geral, menos lucrativa.
Dean
admitiu não ter certeza sobre o número de novas empresas que possam vir a bater
na porta do NEST, mas adiantou que o fundo tem, no momento, “capacidade para
receber até 3,5 milhões de novos participantes” já no início deste ano. Segundo
ela, o NEST foi concebido para ter adaptabilidade frente a cenários externos
adversos.
Dean
assumiu a posição de CEO no NEST há 3 meses, cargo que havia sido ocupado por
Tim Jones, ex-executivo de um banco de varejo premiado por serviços na área
previdenciária.
Seu
mandato tem início num período em que a inscrição automática ganha força. Durante
o próximo ano, o mecanismo será estendido a quase meio milhão de pequenas
empresas, incluindo pais com babás e outros tipos de ajuda doméstica, que terão
que escolher um plano de pensão para os seus funcionários.
Dean,
que já trabalha com políticas previdenciárias há cerca de duas décadas como
funcionária pública, afirmou que um em cada três empregadores que procuraram o
NEST já havia sido “recusado” por algum provedor privado. “Nós temos um papel importante
a desempenhar”, disse ela. “Há muitos empregadores que adorariam oferecer um
plano de pensão aos seus funcionários e que há anos vinham tentando contratar
um provedor, sem sucesso.”
O
fundo NEST, que é um organismo público não ministerial, está
à disposição dos empregadores, sem custos de adesão. Poupadores individuais
pagam uma taxa administrativa anual de 0,3% sobre o total de fundos acumulados
acrescida de uma taxa de 1,8% sobre as contribuições.
Desde
que o NEST começou a operar, há quatro anos, as taxas cobradas no mercado
britânico sofreram redução, mas as taxas do fundo mantiveram-se inalteradas. Se
Dean considera o NEST é competitivo? “Nossas taxas são justas e proporcionais”,
diz a executiva. “É evidente que algumas pessoas cobram menos do que nós, mas esse
não é realmente o nosso papel... as taxas são definidas pelo Ministério do trabalho
e Previdência.” A receita do NEST se faz necessária ao reembolso de recursos que
permitiram a sua criação, uma espécie de empréstimo financiado pelo
contribuinte.
No
final do último exercício, o montante total levantado pelo NEST para o pagamento
do empréstimo foi de £387 milhões, valor que o próprio fundo considera estar “dentro
das expectativas”.
A
National Audit Office estimou que
para compensar totalmente os custos de sua criação, o NEST deveria ter, no
exercício 2014-15, cerca de £20 bilhões sob gestão. Atualmente, a entidade
dispõe de apenas £655 milhões.
Recentemente,
Dean foi questionada por parlamentares a respeito do prazo para que o NEST
quite o empréstimo, mas ela disse não ter condições de fazer previsões mais precisas
devido a incertezas acerca do volume e natureza das futuras adesões.
“Apenas
4% de todos os empregadores elegíveis já foram abrangidos pelo processo de
inscrição automática. 96% dos empregadores ainda deverão decidir o que fazer”,
advoga. “Eu acredito que entre 18 meses e dois anos nós deveremos ter uma ideia
mais exata de como se dará esse reembolso.”
Dean
disse ainda que não tem palpite algum sobre os rumos que a consulta pública do
governo a respeito de isenções tributárias deve tomar, embora reconheça que
“seria mais fácil garantir o sucesso da iniciativa caso houvesse uma alíquota
única”.
Financial Times