ENTIDADES ITALIANAS RETIRAM APOIO A FUNDO DE RESGATE BANCÁRIO


Três casse di previdenza da Itália anunciaram que não irão investir recursos no Atlante 2, o fundo nacional de resgate a bancos em dificuldades financeiras, apesar da associação da indústria - ADEPP - ter declarado inicialmente que as entidades apoiariam o fundo.

As três casse di Previdenza são fundos do primeiro pilar para trabalhadores de colarinho branco: Enpay, dos veterinários, Inarcassa, voltado aos engenheiros e arquitetos, e o Eppi, dedicado a experts da indústria.

Os fundos de pensão afirmaram individualmente que o investimento no Atlante 2 não cumpria certos requisitos. 

O fundo Inarcassa disse que a diretoria executiva havia decidido, por unanimidade, contra a participação no Atlante 2 em reunião no dia 29 de julho.

“Após analisarmos as políticas de alocação de ativos e os procedimentos internos para as aplicações, consideramos o Atlante 2 incompatível com os nossos princípios de prudência e parâmetros de investimento”, declarou o Inarcassa.

No entanto, o conselho da entidade reiterou seu compromisso de investir na economia real do país desde que os riscos e retornos estejam alinhados às expectativas de crescimento da base de ativos que garantirá o futuro bem-estar dos arquitetos e engenheiros autônomos.

Gianni Mancuso, presidente da Enpav, disse que a despeito do apoio da ADEPP à iniciativa de resgate financeiro aos bancos, o conselho havia decidido, também por unanimidade, contra o investimento no Atlante 2 por entender que não tem a obrigação de contribuir para a reestruturação da dívida do Monte dei Paschi di Siena, um dos maiores bancos da Itália.

Ele afirmou que a entidade precisava respeitar a sua missão, que é garantir pensões adequadas aos atuais e futuros participantes. “A fim de cumprir com o nosso objetivo, os investimentos devem ser sempre pautados pela cautela e prudência”, acrescentou.

Contudo, Mancuso disse que a Enpav não negará apoio às iniciativas que visam estimular a economia italiana.

O CEO disse, no entanto, que isso pode ser feito de outras formas como, por exemplo, o financiamento de prédios escolares, algo que iria mais ao encontro das necessidades da população. Esse tipo de investimento contribuiria para a recuperação econômica do país, surtindo, ao mesmo tempo, um efeito positivo maior sobre a área de atuação de seus participantes, que foi severamente afetada pela crise econômica.

O Eppi, por sua vez, declarou que uma avaliação técnica do investimento no Atlante 2 revelara que a relação risco / retorno não seria condizente com parâmetros-chave adotados pelo fundo.  

No início do mês, a ADEPP, associação que congrega as casse di previdenza italianas, concordou em dar apoio ao Atlante 2, que deverá ser criado com o intuito de investir na dívida podre dos bancos italianos, comprando os papéis a preços inferiores ao seu valor contábil.

A contribuição inicial dos 19 membros da ADEPP seria de € 500 milhões.

Em entrevista ao jornal Il Sole 24 Ore, reproduzida no site da ADEPP, o presidente da associação, Alberto Oliveti, colocou em dúvida a capacidade dos fundos de pensão em investir no Atlante 2 devido às condições desfavoráveis que vêm sendo impostas desde que a associação se comprometeu a colaborar.  

Ele disse que os detalhes técnicos do investimento mudaram após a proposta original do governo. “Não podemos fazer doações de dinheiro. Precisamos ter garantias legitimas de retorno.” 



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