Os fundos de pensão se
autodenominam investidores de longo prazo mas discordam sobre os fatores que
definiriam um horizonte de tempo ideal, revelou pesquisa realizada pela revista
IPE.
Um quarto dos
respondentes do levantamento conduzido pelo Focus
Group e publicado na edição de novembro da revista afirmou que um período
de 3 a 5 anos poderia ser considerado “longo prazo”, ao passo que quase 78% dos
consultados se autodenominam investidores de longo prazo. Apenas um respondente
rejeitou o rótulo de imediatamente.
Um fundo de pensão do
Reino Unido ressaltou a necessidade por uma abordagem de longo prazo baseada na
duration dos passivos, enquanto um
fundo australiano argumentou que seria importante adotar uma visão “de
gerações” - ao menos em relação à gestão de ativos de beneficiários de até 45
anos.
Houve menor nível de
concordância entre os 36 respondentes europeus - que juntos totalizam €290
bilhões em ativos sob gestão - sobre o que seria “longo prazo” nos
investimentos em ativos de mercados públicos.
Mais de um terço dos
investidores afirmou que um horizonte de 7 a 10 anos poderia ser considerado
longo prazo, enquanto aproximadamente 14% acreditam que a melhor abordagem é
considerar os investimentos sob o ponto de vista do ciclo econômico.
Um quarto dos fundos
afirmou que um horizonte de 3 a 5 anos seria adequado, e 17% manifestaram-se a
favor da abordagem “de gerações”, que pode variar de 15 a 25 anos.
Um dos respondentes,
um plano municipal do Reino Unido, disse que a perspectiva de longo prazo se
manifesta sozinha, via decisões relativas à alocação de ativos, salientando,
ainda, a evolução dos mercados emergentes ao longo de uma geração. “A seleção
de papéis costuma ser uma abordagem de mais curto prazo, o que provavelmente é
inadequado”, disse o representante do fundo.
Outro fundo de pensão
corporativo britânico questionou o fato dos investimentos de longo prazo serem
compatíveis com os mercados públicos de ações. “A ideia dos investimentos de
longo prazo serem inerentes aos mercados públicos não parece combinar com a noção
de investimentos de longo prazo”, afirmou o respondente. “Os mercados públicos
são norteados pela liquidez de curto prazo e pela ideologia de marcação a
mercado, que é anátema aos investimentos de longo prazo, que envolvem fluxos de
caixa sustentáveis e duradouros.”
Apesar disso, quase
metade dos respondentes disse não ver problemas em encontrar gestores externos
dispostos e aptos a investir no longo prazo. Um quarto dos consultados disse
que esse tipo de gestor de ativos de fato pode ser encontrado, porém, em apenas
certas classes de ativos.
Um investidor sueco
diz que a culpa é do ambiente regulatório, não dos gestores. “O maior problema
é a visão de curto prazo do regulador, bem como das regulações que regem a
avaliação do passivo, cuja base são modelos de curto prazo”, afirmou.
Outro investidor sueco
concordou com a opinião do compatriota, acrescentando: “A regulação de fato é
um problema, sobretudo devido à tendência em alterá-la a cada cinco ou dez anos”.
Ao serem questionados
sobre os fatores que prejudicam os investimentos de longo prazo, 24% dos
respondentes citaram o ambiente regulatório e 21% a maturidade dos passivos.
Apenas 20% mencionaram a indisposição ou falta de habilidade da indústria de
gestão de ativos como fator principal.
IPE