O maior fundo de pensão da Suécia, o AP7, desinvestiu
em seis empresas que teriam violado o acordo climático de Paris, uma decisão
que os ambientalistas acreditam ser pioneira.
O
AP7, que paga benefícios a 3,5 milhões de suecos, disse na quinta-feira que
havia vendido a ações da ExxonMobil, Gazprom, TransCanada Corp, Westar, Entergy
e Southern Corp e que deixaria de investir em empresas que operam desrespeitando
o acordo climático de Paris.
“Desde
o último screening, em dezembro de
2016, passamos a incorporar o acordo de Paris a nossas análises de
investimento”, afirmou o fundo, em nota.
O
AP7 disse que ExxonMobil, Westar, Southern Corp e Entergy se opuseram à introdução
de legislação climática nos Estados Unidos. O fundo também criticou a Gazprom por
procurar petróleo no Ártico russo e a TransCanada por construir oleodutos de
grande escala na América do Norte.
A
ExxonMobil declarou que “discorda respeitosamente da decisão do AP7 e que o
fundo não informou a empresa sobre o processo de avaliação”.
“Temos
apoiado abertamente o acordo de Paris, que acreditamos ser uma estrutura global
efetiva para mitigar o risco de mudanças climáticas”, afirmou a empresa em uma
declaração via e-mail.
A
Entergy disse estar decepcionada com a retirada de investimentos do fundo e
acrescentou que a decisão seria “infeliz, pois fora baseada em razões infundadas”.
“A Entergy tem defendido firmemente, há mais de uma década, políticas inteligentes
de emissão de carbono”, afirmou a empresa. “Em 2016, nossas emissões de CO2
foram aproximadamente 20% mais baixas do que as emissões do ano 2000.”
As
outras empresas não estavam disponíveis para comentar o assunto.
Ativistas
ambientais saudaram a decisão do fundo e convidaram outros investidores a
seguir o seu exemplo. “Os investimentos responsáveis são fundamentais para
que o mundo atinja os objetivos previstos no acordo de Paris; a decisão do AP7
é um passo importante na direção correta”, disse Martin Norman, chefe da
Campanha de Financiamento Sustentável do Greenpeace
Nordic.
“Esperamos
que outros investidores globais, como o fundo soberano norueguês, façam o mesmo”,
disse Norman à Reuters, acrescentando que a decisão do AP7 resultou no primeiro
desinvestimento feito com base no acordo de Paris.
Maior
do mundo, o fundo soberano da Noruega (US$ 950 bilhões sob gestão) vem
revelando ambições éticas. Seu diretor executivo disse à Reuters que o fundo
pediria aos bancos em que investe para divulgar como os seus empréstimos
contribuem para as emissões de gases de efeito estufa.
Reuters