FUNDOS DE PENSÃO DA DINAMARCA POSSUEM US$ 150 BILHÕES DE EXPOSIÇÃO AO "BREXIT"


Investidores e fundos de pensão dinamarqueses podem começar a repatriar bilhões de dólares em ativos para se proteger de perdas cambiais em meio à preocupação de que uma saída britânica da União Europeia deixará os mercados em polvorosa.

O Banco Jyske estima que os fundos de pensão dinamarqueses possuem, sozinhos, cerca de 1 trilhão de coroas (US$ 150 bilhões) em posições offshore sem proteção, deixando-os expostos caso os investidores optem por acumular ativos seguros, como a coroa, no evento do chamado “Brexit”.

“Numa situação extrema, aquele dinheiro vai ser repatriado ou “hedged” contra riscos cambiais caso haja alguma incerteza financeira como, por exemplo, a saída do Reino Unido da União Europeia”, diz Niels Roenholt, economista-chefe do banco.

A libra afundou na terça-feira depois que o jornal “The Guardian” publicou uma pesquisa que indica a preferência da população pela saída do país da UE no referendo a ser realizado no dia 23 de junho. Um levantamento da Bloomberg acerca das pesquisas de opinião que vêm sendo realizadas demonstra que 44% dos eleitores apoiam o “Brexit” e 41% são contrários, embora alguns cálculos de probabilidade revelem que a saída do Reino Unido é um resultado improvável.

Replay suíço?

O Banco Jyske afirma que o “Brexit” não deverá gerar a mesma turbulência nos mercados de moeda que se seguiu após a decisão da Suíça de desfazer seus laços com o euro em Janeiro de 2015. Na época, os especuladores se voltaram rapidamente para a Dinamarca em meio a suspeitas de que a paridade da moeda dinamarquesa com o euro também seria um fracasso. Na ocasião, os dinamarqueses prevaleceram, mas somente após o Banco Central do país reduzir a sua principal taxa para bem abaixo de zero, praticamente dobrando as reservas internacionais para cerca de 40% do PIB.  

Desta vez, “até mesmo uma leve pressão poderá resultar em intervenções e um novo corte na taxa” na Dinamarca, declarou Roenholt por meio de nota. Ele prevê um corte de 10 pontos base para -0,75%, seguido de mais intervenções cambiais.

O substancial superávit de conta corrente da Dinamarca já exerce pressão sobre a ligação da moeda com o euro. “Mas se os investidores dinamarqueses que hoje possuem grandes posições offshore decidirem repatriar apenas uma pequena parte desse dinheiro ou buscar um hedge para tais recursos num contexto de turbulência mercadológica, isso já seria suficiente para aumentar a pressão sobre a paridade”, explica Roenholt. O Banco Jyske acredita haver 30% de probabilidade para o “Brexit”.

A permanência da Grã-Bretanha na União Europeia, “deverá gerar um rally de alívio”, indica a Nordea. Segundo uma equipe de analistas liderada por Johnny Bo Jakobsen, o resultado dará força à libra e ao “ativos de risco”. 



Bloomberg
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