Dentre os muitos investimentos
alternativos fora dos segmentos de renda fixa e variável que estão disponíveis
aos fundos de pensão, os direitos autorais têm atraído os investidores
institucionais.
A
RPMI Railpen, gestora de um dos
maiores e mais antigos fundos de pensão do Reino Unido, está alocando US$ 345
milhões em um fundo lançado no início do mês pela Kobalt Capital, subsidiária da Kobalt,
empresa de tecnologia e royalties
musicais.
“Com
os baixos retornos projetados nas classes de ativos tradicionais, estamos
preparados para alocar em investimentos alternativos que poderão nos ajudar a
pagar as pensões dos nossos participantes no futuro”, disse Craig Heron, vice-diretor
de investimentos da RPMI Railpen, em
entrevista concedida por e-mail à
CNBC.
Através
do fundo, a Railpen comprará direitos
autorais de música e receberá royalties
coletados pela Kobalt.
“Esta
é uma oportunidade de investimento inovadora que oferece o tipo de retorno de
longo prazo que precisamos para cumprir a nossa missão”, afirmou Heron. “Como
um investidor verdadeiramente de longo prazo, entendemos que o relacionamento
com a Kobalt será muito importante
para nós no futuro.”
Fundada
no ano 2000, a Kobalt possui entre
seus clientes artistas como The
Chainsmokers, Miles Davis e Sam Smith, além de ter desenvolvido um software que permite aos clientes
rastrear, em tempo real, seus ganhos com o Spotify
e outros serviços de streaming. A
empresa já atraiu investidores como o fundo familiar de Michael Dell e a Hearst Entertainment.
Em
outubro, o fundador da Google Ventures,
Bill Maris, se uniu ao conselho da Kobalt,
liderando uma rodada de investimentos de US$ 14 milhões por meio de seu novo
fundo, o Section 32.
O
fundador e CEO da Kobalt, Willard
Ahdritz, disse que desde o início de novembro a empresa obteve cerca de US$ 3
bilhões a mais em receita de royalties
para os seus clientes em comparação ao que eles receberiam através do rastreamento
das receitas por vias tradicionais.
Tais
pagamentos podem revelar-se atraentes em uma indústria em crescimento. No
primeiro semestre deste ano, a receita total das plataformas de streaming do mercado de música dos Estados
Unidos cresceu 48%, chegando a US$ 2,5 bilhões segundo a Recording Industry Association of America. A receita proveniente de
streamings respondeu por 62% da
receita total do mercado de varejo de música dos EUA, que cresceu 17% no
primeiro semestre, para US$ 4 bilhões.
Enquanto
isso, as ações dos EUA e Europa atingem níveis recordes. A rentabilidade dos
títulos do Tesouro americano também aumenta na medida em que o Banco Central do
país, o Federal Reserve Bank, aperta
a política monetária, reduzindo o seu balanço financeiro e aumentando as taxas
de juros de curto prazo. Nas últimas semanas, o Banco da Inglaterra também
aumentou as taxas pela primeira vez em mais de uma década.
O
valor dos títulos cai quando a rentabilidade aumenta e vice-versa. Diante
disso, muitos investidores têm a preocupação de que um aumento acentuado dos
rendimentos possa levar a um fluxo de capital das ações para os títulos ao
passo que o próprio mercado de ações pode ter ido muito além do crescimento
econômico real.
Nesse
ambiente, as gestoras de recursos estão apostando cada vez mais em ativos
alternativos como fundos imobiliários e private
equity. De acordo com um relatório anual da Willis Towers Watson divulgado
em 17 de julho, em 2016, as 100 principais gestoras de alternativos do mundo viram
seus ativos sob gestão aumentar 10% - para US$ 4 trilhões. Os fundos de pensão
contribuíram com cerca de US$ 100 bilhões para esse aumento.
A
Railpen já havia investido em um
fundo similar lançado pela Kobalt Capital
em 2011. Esse primeiro fundo investiu mais de US$ 350 milhões em direitos
autorais de música.
“Tenho
orgulho de dizer que no Fundo 1 nós entregamos os retornos prometidos aos
investidores”, disse Ahdritz à CNBC em entrevista telefônica. Ele ressaltou
que, como a indústria fonográfica não está correlacionada com os mercados
financeiros, “esse é um investimento muito adequado para os investidores de
longo prazo, como os fundos de pensão”.
CNBC