Planos
de pensão de funcionários públicos municipais e estaduais possuem mais
obrigações em descoberto do que os fundos de pensão corporativos, aponta um
relatório de março intitulado “The Coming Pension Crisis” elaborado pela consultoria
Citi Global
Perspectives & Solutions (GPS).
“Nos
Estados Unidos, os passivos não fundeados de planos BD corporativos somam,
atualmente, US$ 425 bilhões. Já os planos de pensão de estados e municípios possuem
entre US$ 1 tri e US$ 3 tri em passivos em descoberto (dependendo da taxa de
desconto utilizada)...”
“Infelizmente, embora os governos estabeleçam
exigências genuínas de financiamento aos patrocinadores corporativos, eles
raramente impõem tais exigências a si mesmos”, diz o relatório do Citi.
“Nos EUA, os planos públicos
frequentemente aumentam os benefícios, mas deixam de manter os níveis
contributivos em patamares adequados”, acrescenta o relatório.
“O
Conselho de Padrões Contábeis determina qual é a contribuição anual requerida (Annual Required Contribution - ARC),
mas, infelizmente, a palavra “requerida” é apenas uma palavra... O fato é que
muitos patrocinadores de planos públicos simplesmente não adotam a ARC.”
Segundo a última Pesquisa Anual de
Planos de Pensão Públicos do US Census
Bureau, “as contribuições do governo aumentaram 11,1%” em 2014, “elevando
as contribuições totais em 8,4%, as quais passaram de US$ 153,7 bilhões para
US$ 166,6 bilhões.”
Os ganhos sobre os investimentos dos
fundos de pensão aumentaram 40,6% no mesmo ano. O benefício médio pago
anualmente aos mais de 9,5 milhões de aposentados de governos municipais e
estaduais foi de US$ 26.455 de acordo com o Census
Bureau.
O Citi advertiu que os trilhões de
dólares em passivos não fundeados deverão
gerar sérios problemas financeiros para governos estaduais e municipais ao
longo da próxima década, quando 45 milhões de baby boomers deverão se aposentar.
“Essas obrigações também tendem a
resultar em desequilíbrios intergeracionais na medida em que a proporção cada
vez menor de trabalhadores/aposentados exerce uma pressão insustentável sobre os
futuros contribuintes para que financiem uma população de pensionistas
dramaticamente maior”, afirma o relatório.
“Nos próximos anos, estados como
Nova Jersey e Illinois terão que lidar com uma enorme pressão orçamentária devido
a compromissos previdenciários volumosos. Muitos municípios na Califórnia também
enfrentarão dificuldades para cumprir com as suas obrigações perante o fundo
estadual CalPERS.”
De acordo com um documento publicado
no mês passado pela National Association of State Retirement Administrators (NASRA), “4,1% (em média) de todos os gastos de
estados e municípios são utilizados para financiar os benefícios previdenciários
dos funcionários.”
Embora a porcentagem varie de estado
para estado, com a Louisiana registrando o maior nível contributivo (7,79%) e a
Dakota do Norte o menor (1,63%), a Associação observou que as contribuições dos
empregados costumam corresponder a cerca de um quarto do total de desembolsos
dos fundos de pensão, com os governos (ou seja, os contribuintes) arcando com
os três quartos restantes.
Num estudo de setembro de 2015, Andrew
Biggs, professor residente do American
Enterprise Institute (AEI), constatou que “os governos locais e estaduais
têm prometido benefícios que superam, e muito, os ativos disponíveis para
cobri-los”.
“Se os governos estaduais e locais realmente
financiassem os benefícios, ou seja, se meramente seguissem o que o governo
estabelece para os planos corporativos, as suas contribuições anuais representariam
mais de 20% dos gastos totais dos orçamentos locais e estaduais”, escreveu
Biggs em artigo publicado pela revista Forbes
em 1º de abril.
“Eu apurei que se utilizássemos as
regras de fundeamento dos planos corporativos para avaliar as obrigações e
amortizar os passivos em descoberto dos planos públicos, a contribuição média
de estados e municípios subiria de 24% para 105% dos salários dos funcionários.
Assim podemos ter uma ideia de quão grandes e caros esses planos são”, salienta
Biggs, acrescentando que os planos de pensão do governo encontram-se, hoje,
“com níveis de fundeamento pouco acima daqueles registrados durante a grande recessão”.
O relatório do Citi chegou à mesma
conclusão: “Um plano público com US$ 75 bilhões em ativos e US$ 100 bilhões em
obrigações registraria um nível de fundeamento de 75%. No entanto, se
utilizasse as taxas tipicamente empregadas por um plano corporativo dos EUA,
tal proporção cairia para cerca de 52%”.
O Center for Retirement Research do Boston College disponibiliza informações sobre os níveis de
fundeamento (relação entre ativos e passivos) de mais de 150 planos de pensão
de governos estaduais e municipais.
CNSNews