Uma comissão especial criada para reformar as
pensões dos militares dos Estados Unidos deverá recomendar a criação de um
plano de Contribuição Definida - 401 (k) - como parte da reelaboração do sistema
de aposentadoria do Pentágono.
O novo plano de pensão é uma das quinze
medidas que o painel independente deverá propor por meio de um relatório de 300
páginas que servirá como roteiro para o presidente Barack Obama, o Congresso, e
o Pentágono, à medida em que se tenta evitar que o pagamento de benefícios
previdenciários absorva todo o orçamento da pasta da Defesa.
O plano de Benefício Definido é um dos principais
atrativos do exército americano. Embora a proposta não venha a afetar os atuais
aposentados, a expectativa é que gere controvérsia e protestos por parte de
grupos representativos dos veteranos de guerra.
Especialistas argumentam que as mudanças
serão benéficas para aqueles que servem o exército por alguns anos, sem,
contudo, se qualificarem para receber a pensão integral.
As propostas também envolvem a redução das
benesses do generoso plano de saúde ofertado aos militares e suas famílias. A
resistência deve ser grande; por isso, advoga-se, é pouco provável que as
autoridades consigam realizar mudanças significativas no futuro próximo,
sobretudo em função da maioria republicana no Congresso.
Os custos com pessoal é a despesa que mais
cresce no orçamento do Pentágono. Entre 2000 e 2014, esses gastos aumentaram
46%, alcançando US$142 bilhões, ou um terço da receita. Teme-se que os custos
com salários, assistência médica e aposentadorias sejam significativamente
elevados, deixando poucos recursos para outros fins.
Em 2013, na tentativa de contornar as
resistências políticas, Obama e o Congresso criaram uma comissão, denominada Military Compensation and Retirement
Modernization Commission, que foi incumbida de elaborar um plano para lidar
com o assunto. Após 18 meses de trabalho e diversas audiências públicas, as
recomendações da comissão devem ter como enfoque principal os benefícios de
aposentadoria.
No atual sistema, o governo paga aos
militares aposentados um beneficio fixo após 20 anos de serviço. A ideia é que
o sistema de aposentadoria das Forças Armadas passe a se assemelhar mais ao de
outros servidores públicos, que contribuem para planos de pensão e recebem uma
contrapartida similar do governo.
As mudanças propostas não se aplicariam aos
atuais militares. Elas envolvem, ainda, a oferta de benefícios mais modestos para
aqueles que não tenham servido pelo período mínimo de 20 anos. Entretanto, os
críticos argumentam que a medida pode estimular a evasão de oficiais bem
treinados. “Uma vez treinados, a garantia de recebimento de um beneficio, ainda
que menor, poderia estimulá-los a deixar a Força”, pondera Mike Hayden, diretor
de Relações Governamentais da Associação Americana de Oficiais Militares.
Para Phillip Carter, especialista do Center for a New American Security, as
propostas podem ajudar a resolver velhos problemas. “Todos concordam em relação
a um aspecto: as Forças Armadas em breve estarão pagando mais para seus
aposentados do que para as tropas que ainda estão na ativa. Precisamos de um
plano de Contribuição Definida, tanto para economizar recursos quanto para
criarmos um sistema de gestão que recrute e retenha bons militares.”
The Wall Street Journal