Chefe da ouvidoria de planos privados britânica, Anthony Arter, fala sobre os desafios enfrentados pelo órgão no novo ambiente CD
O volume de queixas tratadas pela Pensions Ombudsman cresceu
significativamente nos últimos anos, uma tendência que não tem dado sinais aparentes
de desaceleração. O número de processos tratados pela agência anualmente
praticamente duplicou desde 2012/13, e no próximo ano a expectativa é que o
aumento seja de 15%.
O
número de novos casos cresceu 6% no ano passado, período em que a ombudsman conduziu 1.308 investigações -
um aumento de 35% em relação aos 12 meses anteriores.
Observa-se
também mudanças nos tipos de reclamações recebidas. Ao longo dos últimos dois
anos, a alteração mais óbvia decorre da maior flexibilização do ambiente
previdenciário, movimento que responde por um em cada cinco casos tratados em
2016.
Mudanças no ambiente
A
tendência mais ampla reflete mudanças no ambiente previdenciário, com o aumento
gradual de reclamações referentes aos planos CD. Quando se pensa nos milhões de
pessoas que vêm aderindo a esse tipo de plano, não surpreende o fato de as
reclamações também terem aumentado.
“Atualmente,
as reclamações estão assim distribuídas: 54% referem-se a planos BD e 46% a
planos CD, mas essa distribuição deve mudar na medida em que as microempresas
entram no programa de inscrição automática”, observa o ouvidor previdenciário
Anthony Arter.
Parte mais fraca
Isso
deve ocorrer apesar de os planos CD serem mais transparentes e diretos que os
planos BD. “Os planos CD são menos complicados; ainda assim há questões
controversas, como as taxas administrativas”, diz Arter. “Sempre haverá dificuldades
na gestão dos planos, uma área que há anos tende a ser problemática.”
No
entanto, Arter se diz impressionado com o empenho dos provedores de planos -
que deverão absorver os empregados da maioria das empresas de menor porte - em
relação ao programa de inscrição automática e a busca pela redução das
reclamações.
“Os
provedores têm se esforçado para fazer tudo de forma bastante correta”,
argumenta. “Eles têm se empenhado para ter uma boa gestão, prestar bons
serviços aos consumidores. Nossa maior preocupação é com as empresas de pequeno
porte.”
Problemas com o empregador
O
ombudsman acredita que muitas queixas
relativas à inscrição automática serão direcionadas aos empregadores e não aos
planos. Ele tem a preocupação de que as microempresas com um ou dois empregados
poderão tentar chegar a algum tipo de acordo informal com os empregados a fim
de driblar as exigências de inscrição automática. Esse tipo de caso pode acabar
chegando até a ouvidoria, argumenta Arter, se no futuro o funcionário se sentir
enganado ou se a relação com o chefe “azedar”.
Os
empregadores também podem vir a ser objeto de queixa caso deixem de comunicar
corretamente aos empregados todos os aspectos da inscrição automática. Um caso
investigado no ano passado dizia respeito justamente a um trabalhador que fez
uma reclamação formal de seu empregador por ele ter deduzido as contribuições
do programa de inscrição automática de um bônus previdenciário que lhe havia
sido garantido em substituição aos aportes patronais à previdência social. O ombudsman decidiu apoiar o direito da
empresa em fazer tal proposta, embora a tenha obrigado a realizar as
contribuições devidas e pagar um adicional de £500 ao empregado por não ter lhe
explicado corretamente os impactos da inscrição automática.
Liberdade de escolha
Introduzidas
em 2014, as profundas mudanças na forma de percepção do beneficio nos planos CD
também deverão contribuir para o aumento das reclamações junto à ouvidoria.
Muitas delas certamente terão relação com o aconselhamento financeiro prestado
aos participantes; no entanto, essa é uma questão cujo tratamento caberá à
ouvidoria de serviços financeiros e não à ouvidoria previdenciária.
“Trata-se
de uma área interessante”, diz Arter. “As pessoas poderão se queixar que os
provedores de planos não fizeram as projeções corretas e que isso foi uma falha
administrativa, de forma que as reclamações terão que ser tratadas por ambas as
ouvidorias.”
As
duas ouvidorias têm discutido a forma como pretendem trabalhar em conjunto, e a
expectativa é que um memorando seja emitido em breve para definir o escopo de
atuação das agências. Porém, Arter salienta que, em se tratando de planos de
pensão baseados no vínculo empregatício, o problema estaria, sem dúvida alguma,
sob sua alçada.
“Se
o plano é baseado no vínculo empregatício ou se a questão é referente à adesão
automática, a esfera de competência é do Pension
Ombudsman. Somos subordinados ao ministério do Trabalho e Previdência, que
é o responsável pelo programa de inscrição automática”, explica Anthony Arter.
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