Bruxelas - Em
palestra proferida na quinta-feira, dia 27-03, o Comissário de Serviços
Financeiros da Comissão Europeia, Michael Barnier, afirmou que o planejamento do
órgão para os investimentos de longo prazo fazia-se necessário para que
houvesse mais alternativas às empresas em busca de financiamento além do
empréstimo bancário, cujos níveis mantêm-se estagnados há mais de cinco anos.
“Nosso sistema financeiro precisa reaver a sua capacidade de financiar a
economia real”, salientou Barnier, acrescentando que “é preciso diversificar as
fontes de financiamento para empreendimentos de pequeno e médio porte da região”.
A União Europeia
também precisaria voltar a investir em pesquisa, novas tecnologias e energia
caso pretenda atingir as metas estabelecidas no pacote energético da Europa
para 2020 e 2030. A Comissão busca ainda angariar fundos da ordem de €1 trilhão para o projeto de infraestrutura
denominado Connecting Europe.
No âmbito dos planos
de pensão corporativos, a Comissão almeja o relaxamento das restrições de
investimentos impostas aos fundos, além da redução das exigências de capital
para bancos e companhias seguradoras dispostos a investir em instrumentos de
dívida (asset-backed securities).
Embora esses
instrumentos tenham sido os responsáveis pelo desencadeamento da crise do sub-prime norte-americana que, por sua
vez, ajudou a alavancar a crise financeira mundial de 2008-2009, Michael
Barnier acredita que o relaxamento das regras não implicaria no risco de haver
um novo colapso dos mercados.
Os fundos de pensão
europeus gerenciam mais de €2.5 trilhões de ativos em nome de aproximadamente
75 milhões de participantes. A Comissão Europeia defende que esses recursos
poderiam ser investidos na economia real.
De fato, a Europa
precisa de fontes alternativas de investimento à medida que os bancos lutam
para se recuperar da crise financeira mundial. Nos países mais atingidos pela
crise do sub-prime, as empresas estão
sedentas por financiamento. Estimativas apontam que apenas uma em cada três
empresas gregas e holandesas e uma em cada duas empresas espanholas e italianas
conseguiram os empréstimos solicitados em 2013. Segundo o Instituto
Internacional de Finanças, os empréstimos para pequenas empresas da região
caíram mais de 50% nos últimos cinco anos.
euobserver.com