COMO OS MAIORES FUNDOS DE PENSÃO DO MUNDO VEEM A CHINA


Há uma clara evasão de recursos dos mercados chineses frente à desaceleração econômica do país. Contudo, o mesmo não acontece com o capital dos investidores institucionais, cuja visão é de mais longo prazo.

 “A China é muito importante para a carteira de qualquer fundo de pensão”, diz Adrian Orr, CEO do New Zealand Superannuation Fund, fundo de pensão com aproximadamente US$29,5 bilhões em ativos. 12% da carteira da entidade encontra-se investida em mercados emergentes, informa Orr.

 “Uma boa parcela está investida na China ou tem exposição ao mercado chinês, mas estamos bastante confortáveis com essa situação”, explica o CEO, ressaltando a visão de longo prazo do fundo. “Não temos alternativa. A China é uma peça importante do motor de crescimento mundial. ”

Recentemente, o Asian Development Bank reduziu a estimativa de crescimento da China para 2015 de 7,5% para 6,8%. Em 2014, a taxa foi de 7,3%.

A apreensão em torno da economia chinesa ganhou impulso face à venda de 40% do mercado de ações nos últimos meses. Os temores ficaram ainda mais latentes após os reguladores do país terem adotado uma série de medidas dramáticas para estimular o mercado acionário, incluindo a compra em grande escala de papéis, o que acabou resultando numa corrosão ainda maior da confiança no governo e em críticas acerca de como a situação vem sendo conduzida.

“Trata-se apenas de um curso normal da volatilidade”, explica Orr referindo-se aos tropeços regulatórios e ao vai e vem do mercado chinês. “O crescimento deverá continuar nessa região do globo. ”

 No entanto, outros investidores não parecem ter tanta certeza disso.

 “A China é a maior preocupação na nossa carteira global”, ressalta Hiromichi Mizuno, CIO do Government Pension Investment Fund do Japão, com cerca de US$ 1,14 trilhão sob gestão no final de 2014.

Ele diz ter sérias dúvidas sobre a robustez dos indicadores econômicos chineses. “Eu comecei a ter a sensação de que as pessoas estavam querendo se enganar ao afirmarem que tudo vai dar certo, que as oscilações mercadológicas chinesas estão dentro da normalidade”, afirmou o CIO durante uma conferência.

Mizuno também diz se preocupar com a maneira com que a China vem lidando com a volatilidade. “Eu fiquei bastante decepcionado porque costumava acreditar nas pessoas que vejo ocupando cargos operacionais de nível sênior na China, cuja formação se deu em instituições renomadas dos EUA ou Reino Unido”, afirma o executivo. “Eu achei que eles soubessem lidar com o mercado de capitais, mas o que temos visto recentemente demonstra que a minha opinião pode estar equivocada. Muitas decisões tomadas são de difícil compreensão para os estrangeiros. ”

Outros fundos ainda veem boas oportunidades na China, embora estejam olhando além dos mercados públicos.

 “Na China, há grandes oportunidades de negócios, especialmente aquelas focadas no consumo e no consumidor, por exemplo, quando há um nicho que permite expansão. Mas essa desaceleração tem dificultado o acesso ao capital”, argumenta Gordon Fyfe, CIO do British Columbia Investment Management, fundo com aproximadamente US$ 130 bilhões em ativos. Porém, ele salienta que a entidade tem pouca exposição aos mercados emergentes.



CNBC
Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br