Um
dos maiores especialistas em previdência do Reino Unido sugeriu que o governo
faça uma ampla reforma do sistema a fim de estimular os mais jovens a poupar
para a aposentadoria. As mudanças também ajudariam a tornar os incentivos
tributários mais justos para pessoas com diferentes faixas de renda.
Michael
Johnson, pesquisador do ‘think tank’ Centre for Policy Studies quer que o
governo tire maior proveito da popularidade das Individual Savings Acounts (ISA), que são um veículo de poupança de
curto prazo, transformando-as em produtos de acúmulo de poupança vitalícia.
Johnson
sugere que o Departamento do Tesouro se comprometa a dar a cada poupador 50
centavos por libra investida nas ISA vitalícias até um limite anual de £8.000. Os
recursos seriam originados de uma reforma das regras tributárias que, na
opinião de especialistas, privilegiam os indivíduos com renda mais elevada.
“O
governo poderia transformar os dois tipos de ISA para crianças e os outros dois
novos modelos lançados em julho num só produto a ser registrado no nome do
titular na data de seu nascimento. Os poupadores poderiam sacar os recursos
depositados na ISA vitalícia a qualquer momento. No entanto, perderiam o
direito à contrapartida de 50 centavos do governo.”
A
proposta foi vetada por diversos membros da Câmara, incluindo Patricia Hollis, que
já foi ministra do Trabalho e Previdência, e Jeannie Drake, conselheira dos
fundos de pensão Alliance & Leicester
e O2, além de executiva do esquema garantidor Pension Protection Fund.
Michael
Johnson, que teve um papel importante em reformas previdenciárias realizadas
anteriormente, a exemplo da introdução das contas individuais para crianças, em
2011, e a recente flexibilização das regras de compra das anuidades, afirmou: “Estou
tentando resolver um problema que existe há anos. Como estimular a poupança
previdenciária e garantir, ao mesmo tempo, o livre acesso aos recursos nas
contas individuais?
Johnson
acrescenta: “Não aguento mais ouvir a geração Y (indivíduos com menos de 35
anos) afirmar que não tem interesse em poupar para a aposentadoria. Tenho
tentado promover mudanças numa indústria que está claramente ultrapassada.”
Antes
de chegar à versão final, o especialista
elaborou 27 esboços diferentes para a proposta ao longo dos últimos seis anos.
O projeto contou com o patrocínio da gestora de ativos Nutmeg. O relatório
sugere que as ISA vitalícias invistam em fundo passivos de baixo custo, embora
seja facultado aos poupadores a migração dos recursos para fundos geridos
ativamente.
A
expectativa de Johnson é que a indústria de fundos ativos se manifeste contrária
à medida. Entretanto, Campbell Fleming, CEO da asset manager Threadneedle,
afirma que a ideia é bem vinda. “As ISA têm sido um grande sucesso e quaisquer
medidas que estimulem os mais jovens a poupar para a aposentadoria devem ser
encorajadas. Elevar os níveis de poupança do país será bom para os poupadores,
para a Economia e para a indústria de investimento.”
Contudo,
na opinião de Ros Altmann, consultora previdenciária do governo, a proposta
está ultrapassada, sobretudo após a introdução da inscrição automática no ano
passado. “Faz todo o sentido estimular a poupança vitalícia, mas a inscrição
automática já está fazendo esse papel.”
John
Ralfe, consultor previdenciário independente, acrescenta que “é difícil prever
como a iniciativa será recebida no ambiente político, uma vez que envolve a
redução de incentivos tributários aos mais ricos”.
Respondendo
às criticas, Michael Johnson declarou que a inscrição automática não estimula os
profissionais autônomos a poupar para a aposentadoria. Além disso, argumenta o
especialista, as projeções do governo indicam que a iniciativa conseguirá
reduzir apenas minimamente - de 12 milhões para 11 milhões - o número de
pessoas com renda inadequada de aposentadoria.
Johnson
acredita que os mais ricos podem ser compensados pela redução das isenções
tributárias de outras maneiras como, por exemplo, via a isenção dos ativos
previdenciários do chamado ‘imposto de herança’.
Financial Times