RÚSSIA RECORRE A FUNDOS DE PENSÃO PARA LIDAR COM A FALTA DE FINANCIAMENTO


Enquanto as sanções decorrentes do conflito na Ucrânia bloqueiam o acesso aos mercados de capitais, fundos de pensão privados entram em cena para financiar as empresas russas, disse o Ministro da Economia Adjunto do país, Nikolay Podguzov. De acordo Alexey Moiseev, Ministro da Fazenda Adjunto, quanto mais ativos previdenciários forem direcionados a investimentos, maior será o volume de recursos do Fundo de Bem-Estar Nacional (National Wellbeing Fund), uma reserva criada pelo governo para ser utilizada em momentos de crise, abrandando os efeitos de turbulências econômicas.

O “aperto” causado pelas sanções impostas por países europeus e norte-americanos limitou a tomada de empréstimos externos, forçando as empresas - incluindo a petrolífera Rosneft PJSC e a Russian Railways - a entrarem a fila para receber recursos do Wellbeing Fund, avaliado em US$ 75 bilhões. Trata-se de uma boa oportunidade para os gestores de fundos de pensão, que tiveram 1/3 de seus ativos - cerca de  1,7 milhão de rublos (US$ 26 bilhões) - desbloqueados pelo governo no último trimestre.

 “Antes de considerarmos o financiamento do Wellbeing Fund, precisamos utilizar outras fontes de recursos disponíveis e os fundos de pensão são uma boa alternativa”, disse Podguzov durante entrevista concedida na semana passada.

Os fundos de pensão devem receber até 500 bilhões de rublos a cada ano, e pelo menos metade desse montante pode ser utilizado para financiar projetos de infraestrutura, diz Podguzov, que intermediou reuniões entre gestores previdenciários e os maiores emissores de títulos do país.

Compradores de dívida

Os primeiros indicadores mostram que o fluxo de caixa dos fundos de pensão está fazendo a diferença. Fundos privados adquiriram 129 bilhões de rublos em títulos corporativos no segundo trimestre, declarou, em nota, o Ministro da Fazenda. Segundo a Bloomberg, isso corresponde a um terço do total de dívida corporativa negociada no período.

Neste ano, os títulos corporativos russos tiveram o segundo melhor desempenho entre os países emergentes, garantindo aos investidores retornos superiores a 18% segundo o Bloomberg USD Emerging Market Corporate Bond Index. A rentabilidade dos papéis subiu nove pontos percentuais no ano passado, à medida que o rublo registrou a sua maior desvalorização desde 1998. Em 2015, a rentabilidade caiu cerca de cinco pontos percentuais segundo um índice montado pela UralSib Financial Corp.

De acordo com Podguzov, os fundos de pensão estão optando, no momento, por investir seus ativos em instrumentos de curto prazo com o intuito de obter retornos positivos estáveis. A ideia é alcançarem retornos acima da inflação, diz o ministro. Tendo a dívida pública local como benchmark, os fundos buscam um prêmio de pelo menos 100 pontos base em relação aos papéis denominados em rublos conhecidos como OFZs.

“No final do terceiro ou no quarto trimestre, se o mercado permitir, veremos os fundos de pensão investir em títulos corporativos de forma mais ativa”, afirma Podguzov. “O processo será mais eficiente se for voluntário e benéfico para todos os envolvidos. ” 



Bloomberg
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